Amigo relata que legendário morto passou mal “aos pés da cruz”

O Metrópoles conversou com Fagner Machado, amigo de trabalho de Rodrigo Nunes de Oliveira, de 40 anos, homem que morreu no sábado (28/6), após sofrer uma crise convulsiva durante uma atividade do grupo cristão Legendários, em Rondonópolis (MT). Fagner estava com Rodrigo no evento Track Outdoor de Potencial (TOP), que promete imersão de 72 horas na natureza, e relata os últimos momentos ao lado do amigo.

De acordo com Fagner, com quem Rodrigo trabalhou por mais de 15 anos e chamava de irmão, a morte do amigo foi uma fatalidade. “Deus quis levar ele. Foi impressionante que foi no final, já não tinham exercícios físicos, nem nada. A gente estava sentado aos pés da cruz, na ministração da cruz, e ele começou a passar mal”, relembra.

Fagner afirma que Rodrigo apenas “caiu para o lado”. “Foi muito rápido. Logo já veio a ambulância. Foi questão de cinco minutos e ele já tava dentro da ambulância. Ele saiu de lá responsivo e conversando, para você ter uma noção. Eu perguntava: ‘Tá tudo bem?’ e ele respondia ‘Tá, tudo bem’”.

Levado para o Hospital Regional de Rondonópolis, Rodrigo Nunes chegou a ser intubado, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu. Ao Metrópoles, Fagner conta, ainda, que Rodrigo participou das atividades, normalmente, e que todos os exames do amigo estavam em dia.

“No sábado à tarde ele disse a um companheiro que ele nunca mais viria a pecar. Tem vídeos dele de três horas antes, cantando, louvando, orando. Mas assim, foi um negócio totalmente vindo de Deus, sabe? Foi algo muito espiritual. A gente que é cristão e que entende esse propósito de Deus na nossa vida sabe o que eu tô falando.”

5 imagensFarda dos Legendários, nunca usada por RodrigoRodrigo e os dois filhos, de 1 e 3 anosRodrigo e a esposa Ana PaulaRodrigo Nunes de Oliveira, de 40 anos, homem que morreu após sofrer uma crise convulsiva durante uma atividade do grupo cristão Legendários, em Rondonópolis (MT)Fechar modal.1 de 5

Rodrigo com a esposa e os dois filhos

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Farda dos Legendários, nunca usada por Rodrigo

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Rodrigo e os dois filhos, de 1 e 3 anos

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Rodrigo e a esposa Ana Paula

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Rodrigo Nunes de Oliveira, de 40 anos, homem que morreu após sofrer uma crise convulsiva durante uma atividade do grupo cristão Legendários, em Rondonópolis (MT)

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Era um sonho dele participar do evento, diz esposa

Rodrigo Nunes de Oliveira, de 40 anos, era técnico de segurança do trabalho. Além da esposa, ele deixa dois filhos, de 1 e 3 anos.

A reportagem também conversou com a viúva de Rodrigo, Ana Paula. De acordo com ela, o marido estava animado para participar do evento, que teria uma duração de três dias. “Era um desejo, um sonho dele”, conta.

Nas redes sociais, Ana Paula compartilhou uma foto da farda usada por membros do grupo Legendários, que Rodrigo nunca chegou a usar. “Vou levar seu legado, vou honrar o teu nome, os nossos filhos serão homens de caráter, íntegros, segundo coração de Deus. Eles sempre vão saber o pai que tiveram, por mim, eles sempre saberão quem você foi aqui na Terra”, escreveu a mulher. “Meu legendário, agora descansa com o Legendário.”

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Razão da crise convulsiva

Até o momento, não há informações do que teria levado Rodrigo a sofrer a crise convulsiva, que resultou em sua morte.

De acordo com o manual MSD, de referência médica, uma crise convulsiva, também chamada de crise epiléptica, é uma ocorrência temporária de atividade elétrica anormal no cérebro, que resulta em alterações no comportamento, movimentos, sensações ou consciência da pessoa. Em outras palavras, uma crise convulsiva ocorre quando um número excessivo de células nervosas no cérebro envia sinais elétricos de forma simultânea e desordenada.

Essas crises, ainda segundo o manual, podem ser causadas por diversos fatores, incluindo epilepsia, febre, lesões cerebrais ou distúrbios metabólicos.

Em nota enviada ao Metrópoles, o grupo Legendários afirma que, durante a etapa final de um dos eventos, “em um momento de reflexão e espiritualidade”, Rodrigo não se sentiu bem e “imediatamente” foi atendido por uma equipe de médicos e profissionais de saúde.

O Movimento Legendários reitera que o participante estava em plenas condições físicas de atender ao evento e que ele havia apresentado atestados de saúdes médicos atualizados que comprovavam sua saúde.

O que é o grupo Legendários

O grupo Legendários, de acordo com o próprio site, “é um movimento que busca a transformação de homens, famílias e comunidades por meio de experiências que levam os homens a encontrar a melhor versão de si mesmos e seu novo potencial.”

O movimento foi fundado em julho de 2015, na Guatemala, pelo pastor guatemalteco José “Chepe” Putzu, e chegou ao Brasil cerca de dois anos depois.

Rodrigo participava do Track Outdoor de Potencial (TOP), um evento do grupo que promete imersão de 72 horas na natureza, com desafios. Os valores para a participação no TOP variam entre R$ 450 e R$ 81 mil, dependendo do local e da estrutura.

Os eventos intensivos geralmente duram de três a quatro dias e, neles, os homens enfrentam desafios físicos, vivenciam trilhas, acampamentos e “processos espirituais transformadores”.

Fonte: https://www.metropoles.com/brasil/amigo-relata-que-legendario-morto-passou-mal-aos-pes-da-cruz