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O número de crimes motivados por intolerância racial, religiosa, de origem e orientação sexual cresceu 100% no Rio Grande do Norte no primeiro semestre de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024, conforme a Delegacia Especializada no Combate a Crimes Raciais, Intolerância e Discriminação (Decrid). Segundo a delegada Paoulla Maués, os casos, que antes eram subnotificados, passaram a ser formalizados, com vítimas buscando o registro e responsabilização dos autores.
A delegada explicou que a maior parte dos registros envolve discriminação pela cor da pele, seguida por casos motivados pela orientação sexual das vítimas. E explicou que o preconceito é uma crença infundada, enquanto a discriminação é a prática, prevista como crime na Lei nº 7.716/89. “Os crimes que mais recebemos registros são em relação à discriminação por cor, infelizmente. Alguns ainda recebemos em razão da origem nacional”, frisou.
Paoulla citou como exemplo de xenofobia um episódio ocorrido recentemente durante a inauguração de um supermercado na Grande Natal, quando cidadãos egípcios foram hostilizados por conta de suas vestimentas e origem. “Quando viram as vestimentas das vítimas, começaram a ofendê-las em razão da sua origem nacional. Isso é crime”, ressaltou, em entrevista à TV Tropical.
Além da cor da pele e da origem nacional, a orientação sexual aparece em segundo lugar nos registros da delegacia e, segundo a delegada, há ocorrências tanto no cotidiano quanto no ambiente virtual. “Outro tipo que também temos visto muito são os crimes praticados no âmbito cibernético. Às vezes, aparecem aquelas notícias de discriminação em razão da orientação sexual, e as pessoas começam a ofender moralmente outras através das redes”.
O Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial é celebrado nesta terça-feira 3. Criada há um ano no RN, a unidade especializada reúne esforços para combater os crimes de ódio e ampliar a visibilidade das denúncias no Estado.
A população negra permanece como alvo recorrente desses crimes. Entre as vítimas está Flávia, mulher negra que, em 2022, foi alvo de racismo junto com suas filhas menores em um condomínio de classe média na Zona Sul de Natal.
“É uma situação que eu já vinha vivendo há muito tempo naquela vizinhança. O julgamento foi há duas semanas. Esperamos por quase três anos para que isso acontecesse. Mas a sensação é que a gente tem que lutar. A gente deve continuar lutando. A gente não pode baixar a cabeça”, relatou.
Flávia revelou que conversa com as filhas sobre a importância da ancestralidade e da resistência do povo negro. “Eu falo para as minhas filhas sobre a história do povo negro, a história da África. O quanto nós tínhamos de reis e rainhas que foram sequestrados da África para cá e foram escravizados. E o quanto essas pessoas são exemplos e merecem ter a história reconhecida”.
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Fonte: https://agorarn.com.br/rn/crimes-de-intolerancia-dobram-no-rn-e-atingem-negros-estrangeiros-e-lgbt/