Inserções em rádio e TV, viagens pelo interior do estado e reforço no discurso sobre segurança pública vêm consolidando a pré-campanha do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), ao governo do estado nas eleições de 2026. Segundo reportagem do jornal O Globo, as movimentações recentes indicam que, embora ainda não tenha oficializado a candidatura, Paes e seus aliados já estão empenhados na construção de uma ampla rede de apoio político regional e midiático.
Nas propagandas partidárias veiculadas nas últimas semanas, o prefeito adota um tom firme contra a atual gestão estadual, destacando a escalada da violência. “A insegurança assombra as cidades do Estado do Rio. As pessoas vivem com medo dos assaltos e dos tiroteios que acontecem em plena luz do dia. Muita gente acha que essa é uma batalha perdida e que os criminosos venceram. Eu, não”, afirma Paes em um dos vídeos. Ele cita como exemplo de superação a reestruturação do sistema BRT da capital, reforçando a mensagem de que mudanças são possíveis.
O presidente estadual do PSD, deputado federal Pedro Paulo, também tem assumido protagonismo na pré-campanha. Em outra peça publicitária, ele defende a candidatura de Paes e declara: “A hora de o PSD governar o Estado do Rio vai chegar”. Além da presença na mídia, Pedro Paulo percorreu 30 municípios entre março e abril, numa tentativa de fechar, até o fim do semestre, visitas a todas as 91 cidades fluminenses fora a capital.
A movimentação busca atrair prefeitos, vereadores e lideranças que hoje orbitam em torno do governador Cláudio Castro (PL) e do presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Rodrigo Bacellar (União Brasil). De acordo com Pedro Paulo, há um “descontentamento generalizado” no interior com a falta de investimentos do atual governo: “Não encontramos nem placas velhas anunciando obras. Os prefeitos até gostam do Cláudio Castro, mas é um governo fraco”.
Ainda segundo o deputado, mesmo que Eduardo Paes siga dizendo que não será candidato, a viabilidade política impõe a necessidade de trabalhar seu nome: “Paes está muito bem nas pesquisas de intenção de voto. Não tem como não trabalhar”.
Entre os pontos de tensão identificados por aliados de Paes estão, de um lado, as críticas a Castro pela paralisia em investimentos prometidos e, de outro, a queixa recorrente de prefeitos sobre a falta de diálogo com Bacellar. Esse cenário abriu margem para o PSD atuar como alternativa e disputar o protagonismo estadual.
Apesar do avanço nas articulações, o grupo de Paes calcula que o governador deve chegar competitivo ao ano eleitoral, amparado por uma base que inclui PL, PP e União — agora unidos em federação —, além do MDB. Esses partidos, que comandam grande parte das prefeituras do estado, mantêm espaços estratégicos na gestão estadual e tendem a manter o apoio a Castro até que o cenário esteja mais definido.
Como gesto político, Paes também passou a defender pautas que interessam diretamente a municípios estratégicos. Em abril, sinalizou disposição para ceder parte das receitas dos royalties do petróleo da capital para favorecer São Gonçalo, terceiro maior colégio eleitoral do estado. A cidade, junto com Guapimirim e Magé, move ação no STF por maior fatia dos recursos do petróleo.
O foco em segurança pública tem ganhado peso desde que Alexandre Ramagem (PL), principal adversário de Paes nas eleições municipais de 2024, e aliado de Castro, assumiu o tema como bandeira. Em resposta, Paes passou a abordar o assunto com frequência, inclusive sugerindo a criação de um novo braço armado dentro da Guarda Municipal — proposta que acabou ajustada após avaliação técnica.
Internamente, pesquisas encomendadas pelo PSD mostram que a população enxerga com naturalidade uma eventual decisão de Paes de deixar o mandato para disputar o governo estadual. Pedro Paulo afirma que o tema da segurança foi escolhido nas inserções do partido por ser, na sua avaliação, “o maior problema real do estado”. Ele resume: “Não precisa nem de pesquisa para atestar isso, as pessoas estão sofrendo”.
A expectativa entre os aliados é de que, mantido o ritmo das articulações e com o apoio do presidente Lula em 2026, Paes possa construir uma candidatura competitiva mesmo diante da força política e financeira do grupo governista.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/ofensiva-no-interior-e-na-tv-acelera-pre-campanha-de-eduardo-paes-ao-governo-do-rio-em-2026/