Petrópolis investe apenas 8,5% do orçamento previsto em prevenção de desastres

Uma das cidades mais atingidas pelas chuvas de 2022, quando 235 pessoas morreram, Petrópolis, localizada na Região Serrana do Estado do Rio, investiu apenas 8,5% do orçamento destinado à Defesa Civil e Prevenção de Riscos e Desastres no ano passado. Os dados estão no relatório técnico da Frente Parlamentar de Prevenção às Tragédias e Moradia Digna da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Os números revelam que, embora o município tenha capacidade intermediária avançada na gestão de riscos, a execução financeira ficou aquém do previsto. Dos R$ 6,8 milhões aprovados na Lei Orçamentária Anual para 2024, apenas R$ 584 mil foram aplicados, representando 0,4% do total. O documento foi elaborado a partir de pedidos de informação às 92 prefeituras do estado e pesquisas no portal da transparência.

O deputado estadual Yuri Moura (Psol), presidente da frente, destacou a defasagem como um risco iminente para o verão. Além do baixo investimento, o Plano de Contingência e o Sistema de Alerta e Alarme da cidade abrangem apenas o primeiro distrito. O Plano Diretor também está desatualizado, o que comprometeria o desenvolvimento urbano sustentável e a ocupação ordenada do solo.

“É inaceitável que se invista tão pouco em prevenção e planejamento urbano. As tragédias se repetem e vidas continuam sendo perdidas”, alertou Moura.

O parlamentar propõe que 5% do orçamento estadual seja obrigatoriamente destinado a ações preventivas e defende o “ICMS da Resiliência” – um repasse maior para cidades que investem em estabilização de encostas e gestão pluvial, como no conceito de “Cidade Esponja”. Ele também propõe penalizar prefeituras que negligenciam a prevenção, reduzindo o Índice de Participação dos Municípios (IPM) no repasse do ICMS.

A Frente Parlamentar pretende seguir acompanhando a execução orçamentária e cobrando ações do governo estadual e municipal. Moura planeja reunir representantes das cidades mais afetadas por chuvas, movimentos sociais e especialistas para discutir medidas urgentes. “Precisamos quebrar o ciclo da indústria da tragédia. A prevenção deve ser uma prioridade absoluta”, concluiu o deputado.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/petropolis-investe-apenas-85-do-orcamento-previsto-em-prevencao-de-desastres/