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Primeiro a depor ao STF na condição de testemunha é o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes
O Supremo Tribunal Federal (STF) dará início, nesta segunda-feira (19), à fase de depoimentos das testemunhas da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado articulada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados. O primeiro a prestar depoimento é uma figura central: o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, que confirmou ter sido pressionado por Bolsonaro ao golpe após as eleições de 2022.
Freire Gomes tornou-se a peça-chave da acusação desde que relatou à Polícia Federal (PF), ainda no início das investigações, que Bolsonaro apresentou a ele e a outros comandantes militares a chamada “minuta do golpe”, documento que previa intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Pressão no Alvorada
O depoimento prestado por Freire Gomes à PF revelou que, em dezembro de 2022, Bolsonaro convocou uma reunião no Palácio da Alvorada com os chefes das Forças Armadas. Na ocasião, teria apresentado pessoalmente a minuta golpista – documento idêntico ao encontrado na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, também réu no processo.
Segundo o general, ele e o então comandante da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior, rejeitaram de forma veemente a proposta. No entanto, o então chefe da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, teria demonstrado disposição em colaborar com a tentativa de ruptura democrática. “Acredita, pelo que se recorda, que o almirante Garnier teria se colocado à disposição do presidente da República”, consta no depoimento à PF.