A reunião secreta da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional com o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, nesta quarta-feira (2/7), começou mal para o Planalto. Representantes da União Nacional dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin (Intelis) distribuíram um panfleto a deputados e senadores, apontando sucateamento do órgão e reclamando do ministro da Casa Civil, Rui Costa, sugerindo sua convocação.
Aos congressistas, os servidores da agência elencaram suas reclamações. Dizem que: quadros sem relação com a Abin paralela foram expostos, colocando em risco vidas e carreiras; técnicas sensíveis de inteligência foram reveladas com a crise de Itaipu; o órgão enfrenta o menor orçamento da sua história; há déficit “crítico” de pessoal, com até 80% de vacância; a atividade carece de regulamento legal; o diretor permanece no cargo após ser indiciado pela Polícia Federal; a Casa Civil estaria se omitido e ignorando os funcionários.
Dessa forma, a Intelis pediu aos congressistas que reformem o marco legal da Abin e que convoquem o ministro Rui Costa. A confusão no governo Lula envolvendo a agência começou ainda em março de 2023, quando a Agência passou a ficar sob o guarda-chuva da Casa Civil. Desde 2016, o órgão fazia parte da estrutura do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
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Alexandre Ramagem era diretor da Abin na época do monitoramento ilegal
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Indicado pelo presidente Lula ao cargo de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, é sabatinado na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Senado Federal
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Indicado pelo presidente Lula ao cargo de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, é sabatinado na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Senado Federal
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A troca ocorreu diante de uma desconfiança do governo sobre os militares do GSI, com suspeita de um suposto aparelhamento do gabinete pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ainda na esteira do esvaziamento do órgão, a segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou a ser feita pela Polícia Federal (PF). O órgão está no centro do caso da Abin Paralela, suposto esquema de espionagem de adversários políticos do governo passado.
A PF indiciou Luiz Fernando Corrêa nesse inquérito por entender que ele impediu ou embaraçou a investigação. Uma das suspeitas é que ele articulou proteção ao então secretário de Planejamento e diretor de Operações de Inteligência, Paulo Maurício Fortunato Pinto, considerado pela organização criminosa como um dos principais responsáveis pela degradação da Abin.
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Outros assuntos, porém, podem surgir. Servidores da Abin aprovaram, nesta semana, indicativo de greve e deliberaram que vão entrar na Justiça com uma ação civil pública pedindo o afastamento de Luiz Fernando Corrêa do cargo de diretor-geral da agência.]
O requerimento que motivou a convocação de Corrêa no colegiado foi apresentado pelo deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP). Inicialmente, prevê questionamentos sobre a nova estrutura do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), alterada por decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023.
Fonte: https://www.metropoles.com/brasil/abin-intelis-aponta-o-dedo-para-rui-costa-e-pede-convocacao