Frantz Fanon embarca em navio seguido de Rheda Malek, editor do jornal El Moudjahid, da Frente de Libertação Nacional da Argélia (Fanon Archives/Imec)
Durante as primeiras semanas do bombardeio israelense em Gaza, eu cuidava dos últimos detalhes da minha viagem para a Argélia, na expectativa de encontrar os arquivos e prontuários de Frantz Fanon, último passo necessário para a escrita da minha tese de doutorado. Acordava sobressaltada de madrugada, em angústia, entre sonhos perturbadores e pensamentos aleatórios que retomavam notícias, trocas de mensagens e silêncio. Retomei leituras sobre a Palestina que se misturavam às pesquisas sobre Fanon, e o que parecia apenas uma passagem de Sumud em tempos de genocídio, da dra. Samah Jabr, atualizando a experiência clínica em territórios colonizados, acaba por se tornar vida, ocupando cada fresta da minha mente com novas questões.
Nos espaços acadêmicos e de debates clínicos e teóricos, há um silêncio contrastante com um agitado grupo de psicanalistas que apresentava a incoerência do silêncio diante daquele horror. Tirei prints de cada novo ultraje contra a humanidade. Arquivei matérias, vídeos e conversas dessa violência, material que parecia distante e imediato em seu horror. Meus atos de testemunhar – talvez um tanto inúteis – se constituíram em uma tentativa desesperada de arquivar um presente já histórico, de recuperar e fazer memória de textos e imagens de um mundo que não estava preocupado com vidas palestinas.
Fanon, o infame intelectual da violência e das denúncias coloniais, não poderia ser mais urgente!
Preparando-me para chegar à Argélia, Fanon me parecia estar escrevendo o agora. Suas descrições abordam uma violenta rev
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »
(function(d, s, id) {
var js, fjs = d.getElementsByTagName(s)[0];
if (d.getElementById(id)) return;
js = d.createElement(s); js.id = id;
js.src = “//connect.facebook.net/pt_BR/sdk.js#xfbml=1&version=v2.7&appId=1200972863333578”;
fjs.parentNode.insertBefore(js, fjs);
}(document, ‘script’, ‘facebook-jssdk’));
Fonte: https://revistacult.uol.com.br/home/clinica-como-ato-revolucionario-etica-fanoniana-e-sua-psiquiatria-anticolonial/