Ato I: Fanon, o romântico
Um carro desliza pela estrada às margens de uma praia de Le Morne-Rouge na encosta sudeste do monte Pelée. Mundialmente famoso por ser uma espécie de Vesúvio contemporâneo, monte Pelée, o vulcão mais ativo das Antilhas, em 1902 rapidamente engoliu toda cidade de Saint-Pierre deixando ao menos 30 mil pessoas mortas e um único sobrevivente: um prisioneiro protegido pela masmorra da prisão. A cidade que era o centro administrativo da Martinica, depois da tragédia, foi substituída por Fort-de-France.
Passados 41 anos, dentro desse carro nas encostas do monte, um homem insiste com seu irmão para abandonar a ideia de se juntar às Forças Francesas Livres. Afinal, aquela guerra era feita por brancos, e eles que se virassem com ela. Seu irmão, entretanto, responde enfaticamente que o nazismo era o inimigo da decência humana e tinha de ser esmagado, pois sua vitória levaria todos à escravidão. Lutar pelo fim do nazismo, mais do que uma necessidade, era um dever de todos. “Todos”, insistia.
Nascido em 20 de julho de 1925, Frantz, quinto filho do casal pequeno-burguês Félix Casimir Fanon e Eléonore Félicia Médelice, então com 18 anos, fugia de Fort-de-France para Dominica, no carro de seu irmão Joby, no intuito de se juntar à Dissidence, receber treinamento em Trinidad e de lá rumar para Grã-Bretanha. Seu intuito: esmagar nazistas. É interessante pensar no gesto premido pela urgência: Fanon ainda não sabia, mas só viveria mais 18 anos. É como se esse senso de urgência fosse premonitório. Tinha pressa.
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Fonte: https://revistacult.uol.com.br/home/o-profeta-dos-condenados/