Quem é o antissemita? – Revista Cult

 

Segundo o Dicionário Aurélio da língua portuguesa, “semitismo” refere-se ao caráter do que é semítico, ou seja, relacionado aos povos semitas, incluindo sua cultura e influência. “Semita” designa, nos termos do dicionário, um indivíduo pertencente a esse grupo étnico e linguístico, que inclui hebreus, árabes, aramaicos, assírios e outros. 

Será que os sionistas, vão mover uma ação contra o falecido Aurélio Buarque de Holanda por antissemitismo?

Então, se semita não se refere exclusivamente aos judeus, quem é o antissemita, ou, quem é o antissemita construído pelo antissemita? Quem tem trabalhado com afinco para expulsar e eliminar uma parte considerável dos semitas, o povo palestino, acionando como um dos argumentos que os palestinos são antissemitas?

Simcha Rothman, membro do parlamento israelense, diz:

O que estamos fazendo em Gaza é uma guerra de extermínio: a matança indiscriminada, desenfreada, brutal e criminosa de civis. Não estamos fazendo isso por causa de uma perda acidental de controle em um setor específico, nem por causa de uma explosão desproporcional de combatentes em alguma unidade — mas, como resultado de uma política ditada pelo governo, consciente, intencional, cruel, maliciosa e imprudente. Sim, estamos cometendo crimes de guerra.”

 Quem é o antissemita?

Moshe Feiglin, ex-vice-chefe de gabinete das Forcas de Defesa de Israel diz:

Sim! Todo bebê em Gaza é um inimigo.”

Zvi Sukkot, membro do parlamento de Israel, diz:

Todos se acostumaram com a ideia de que é possível matar cem habitantes de Gaza em uma noite, em uma guerra, e ninguém no mundo se importa.”

Meir Rubin Mei, Diretor Executivo do Fórum de Políticas Kohelet, diz:

O sangue judeu deve ser o líquido mais caro do mundo.”

Ben-Gvir, Ministro da Segurança Nacional de Israel, diz:

Os depósitos de alimentos e ajuda devem ser bombardeados para criar pressão militar e política.”

Avri Gilad, Journalist, Apresentador de TV e Rádio, diz:

É necessário que cada geração (de palestinos) passe por outra Nakba, para lembrá-los, porque de outra forma será esquecida.”

Quem é o antissemita?

Elad Brashi, Produtor de notícias, Canal 14, diz:

Gaza está condenada. 2,6 milhões terroristas em Gaza merecem a morte!! Eles merecem a morte!! Eles merecem a morte! Homens, mulheres e crianças! De todas as formas possíveis, uma Shoah deveria simplesmente ser feita sobre eles — sim, leia de novo — S-H-O-A-H! No que me diz respeito, câmaras de gás. Vagões de trem. E outros tipos cruéis de morte para esses nazistas. Sem medo, sem fraqueza, apenas esmagar. Erradicar. Massacrar. Achatar. Desmontar. Esmagar. Esmagar.”

Quem é o antissemita?

Smotrich, Ministro das Finanças, diz:

Tulkarm e Jenin se parecerão com Jabalia. Nablus e Ramallah se parecerão com Rafah e Khan Younis. Também serão ruínas inabitáveis, e seus moradores serão forçados a migrar e buscar uma nova vida em outros países.

Eyal Krim, rabino das Forças de Defesa de Israel, diz:

Vejo a vitória. Vejo toda a infraestrutura deles sendo aniquilada. Vejo que eles não têm uma única casa [que não seja destruída]. Vejo centenas de milhares fugindo como Nakba, caminhando para o exílio! Vejo com meus próprios olhos.”

Frases como estas são pronunciadas por autoridades de Israel todos os dias, há 77 anos e estão disponíveis na página https://zionism.observer/ (projeto: sionistas em suas próprias palavras), um grande banco de dados organizado por categorias como exemplo “apartheid”, “racismo”, “tortura”, “impunidade”. Ali, pode-se ler sínteses do pensamento dos sionistas que não deixam margem para dúvidas sobre o conteúdo racista e colonialista do sionismo.

Então, vale retornar a pergunta: quem é antissemita?

Um contra-argumento imediata poderia ser: “Ora, não podemos generalizar, você está acionando um momento crítico para definir o sionismo, um momento em que os ânimos flertam com certa irracionalidade”. Esse tipo de contra-argumento, ao contrário, é a própria encarnação da a má política.

Não é preciso ser uma expert em história do sionismo para observar que os discursos e práticas genocidas que estamos testemunhando são coerentes, estão em linha de continuidade com os princípios que orientaram os pioneiros que planejaram e executaram a primeira etapa do genocídio palestino, também conhecido como Nakba.

A obra do historiador palestino Nur Masalha, (“Expulsão dos Palestinos: O conceito de “transferência” no pensamento político sionista – 1882-1948”), baseia-se em pesquisas extensivas em arquivos israelenses desclassificados. Ao lê-la somos confrontadas com a obsessão sionista de remover os semitas nativos (o povo palestino) de suas terras para abrir caminho para seu projeto colonial: o “Estado judeu”.

O ápice da primeira etapa desse projeto aconteceu no final de 1947 e durante 1948, quando, sob a liderança de Ben-Gurion – também conhecido como o carrasco do povo palestino – cerca de 800 mil palestinos foram expulsos da Palestina histórica.

Portanto, quando Ben-Gvir, diz:

Primeiro, precisamos retornar a Gaza agora! Estamos voltando para casa! Para a Terra Santa! E, segundo, precisamos incentivar a emigração. Incentivar a emigração voluntária dos moradores de Gaza.” Ele está atualizando o espírito colonial sionista. Entre Ben-Gvir/ Netanyahu/Ben-Gurion não há fissuras, contradições, mas continuidades.

É conhecida a carta de 1937 ao seu filho, na qual Ben-Gurion afirma: “Devemos expulsar os árabes e tomar o seu lugar”. Limpeza étnica, massacres e genocídio aparecem no vocabulário sionista como “transferência compulsória”.

Chaim Weizmann, primeiro presidente de Israel, nos finais de 1940, disse:

A população nativa se assemelha aas pedras da Judeia, como obstáculos a serem removidos em um caminho difícil”.

Jabotinsky, fundador da organização judaica terrorista Irgun, disse:

Nós judeus, graças a Deus, não temas nada a ver com o Oriente…a alma islâmica deve ser varrida de Eretz-Yisrael. Árabes e muçulmanos são um ‘bando estridente, vestido com trapos espalhafatoso e bárbaros”.

Entre os anos de 1930 e 1948, a Palestina foi assolada por atentados terroristas impetrados pelos sionistas contra civis palestinos. Nas cidades de Haifa e Jerusalém os mercados foram cenários constantes desses atos. Bombas eram colocas em carrinhos de compras, tiros contra civis palestinos eram disparados diariamente.

Ben-Gurion, disse:

Com a transferência compulsória, teríamos áreas extensas…Eu apoio a transferência compulsória. Não vejo nada de imoral.”

Quem é antissemita? Deixemos que o fundador do sionismo responda:

Theodor Herzl, em seu diário, disse:

“Os antissemitas se tornarão nossos amigos mais leais, as nações antissemitas se tornarão nossas aliadas.”

Antissemitismo, um crime.

Antissionismo, um dever ético.

BERENICE BENTO é professora do departamento de Sociologia da UnB

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Fonte: https://revistacult.uol.com.br/home/quem-e-o-antissemita/