Quem é o homem nascido há cem anos na Martinica?

 
Todas as vezes que um homem fizer triunfar a dignidade do espírito, todas as vezes que um homem disser não a qualquer tentativa de opressão do seu semelhante, sinto-me solidário com seu ato.
Em 1925, ano de nascimento de Malcolm X, Clóvis Moura e Patrice Lumumba, nascia Frantz Omar Fanon, um dos mais instigantes teóricos e personagens políticos do século 20. Quem é esse homem centenário de múltiplas facetas que já foi procurado pelo Exército francês como um terrorista e ainda hoje figura como leitura obrigatória para entender nossos dias? Médico psiquiatra e um dos precursores da reforma psiquiátrica; intelectual orgânico da Revolução Argelina e articulador internacional de um pan-africanismo cosmopolita, revolucionário e anti-imperialista; filósofo renegado da práxis revolucionária e crítico de praticismo antiteórico e anticientificista; dramaturgo erudito e portador de uma escrita filosófica que encontra na poética visceral o meio de expressão, cuja obra representa uma agenda inesgotável de pesquisas.
Nascido na colônia francesa da Martinica em 20 de julho de 1925, Fanon foi, por coincidência, aluno colegial de Aimé Césaire, um dos formuladores do movimento de negritude. Quando parte da França foi anexada pela Alemanha nazista, ele se juntou a seus compatriotas metropolitanos para defender o que acreditava ser seu país. No entanto, em meio à discriminação racial no front, descobriu que, aos olhos dos franceses, não era francês, e sim um negro. Frustrado, mas ciente das ameaças representadas pelo nazismo, optou por seguir