Senar ajuda produtores do RN a adotar práticas sustentáveis e acessar crédito mais barato

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O produtor rural que deseja crédito mais barato para investir em sua propriedade precisa cumprir uma condição: adotar práticas que reduzam a emissão de gases de efeito estufa. Esse é o foco do Plano ABC+RN, que faz parte das metas brasileiras de agricultura de baixo carbono e, no Rio Grande do Norte, conta com o apoio do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) para chegar aos produtores que mais precisam.

No campo, essa transição para a produção sustentável ainda é um desafio, principalmente para pequenos e médios produtores que têm dificuldades de acesso a crédito e carecem de informação para adotar as tecnologias exigidas pelo programa. É aí que entra o Senar, que atua oferecendo cursos, assistência técnica e acompanhamento direto nas propriedades para facilitar a adoção de técnicas como plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta e uso de energia solar.

O plano ABC+RN, instituído em 2023 no RN em parceria com o Governo Federal, estabelece medidas de mitigação do impacto das mudanças climáticas e estipula um novo perfil para a agropecuária potiguar. Há metas fixadas até 2030, como a recuperação de 73 mil hectares de pastagens degradadas, a expansão de 30 mil hectares de áreas irrigadas e o reflorestamento de 1 mil hectares.

“O Senar chega com conhecimento, tanto na consultoria quanto na capacitação”, destaca Luiz Paiva, superintendente do Senar-RN. “A agricultura de baixo carbono é um conjunto de práticas. Não é só um curso ou uma ação, mas várias: plantio direto, ILPF, uso de energia renovável, redução de defensivos… tudo isso contribui”, explica.

O agro é identificado como um dos principais emissores de gases de efeito estufa no Brasil. Isso acontece principalmente por meio do desmatamento e queimada de vegetação para abertura de novas áreas de cultivo e pastagem, emissões de metano liberado na digestão de ruminantes (como bois e vacas) e uso de fertilizantes nitrogenados, que geram óxido nitroso, um gás ainda mais potente que o gás carbônico.

Uma das principais técnicas que podem ser adotadas pelos produtores para reduzirem o impacto ambiental é o plantio direto. É quando o agricultor planta sementes em cima da palha que ficou da plantação anterior, sem precisar mexer na terra. Isso ajuda a segurar a água no solo, evita que ele se desgaste e deixa a terra mais rica para a próxima colheita.

Ao longo do tempo, o plantio direto reduz a necessidade de adubação. “No início você gasta mais, mas depois vai gastando menos, porque melhora o solo e aumenta a produtividade, principalmente na agricultura de sequeiro”, detalha.

A integração lavoura-pecuária-floresta também é uma das estratégias incentivadas pelo Senar para reduzir emissões no campo, utilizando áreas de pastagem entre as linhas de plantio de frutas ou outras culturas. “Isso ajuda a proteger o solo e a capturar carbono”, explica Paiva.

Além das capacitações presenciais, o Senar oferece uma plataforma de ensino a distância (EAD) gratuita com cursos sobre as práticas de baixo carbono, como plantio direto e energias renováveis. “Qualquer pessoa pode se cadastrar gratuitamente, fazer login, acessar as cartilhas e fazer os cursos”, destaca Paiva.

De acordo com Letícia Von Sohsten, assessora do Senar para o programa, um dos grandes obstáculos para a adoção das práticas do ABC+RN ainda é a falta de informação sobre as linhas de crédito disponíveis para os produtores. “O desconhecimento do público em relação a linhas de crédito é grande. Mesmo quando se enquadram no ABC+, muitos produtores não conseguem apresentar os projetos corretamente aos bancos”, relata.

Fazem parte da iniciativa seis instituições financeiras e de fomento: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Sicredi, Desenvolve RN (antiga AGN) e Banco do Nordeste. Como política de incentivo à agropecuária de baixo carbono, a taxa média de juros anual, que hoje gira em torno de 8,75%, cai para até 6%.

Presença em quase todo o RN e foco na sustentabilidade

A atuação do Senar no apoio ao programa ABC+RN é parte de um trabalho de larga escala que a instituição realiza no Estado. Em 2024, o Senar-RN já atendeu 4.831 propriedades rurais em 161 municípios potiguares, cobrindo 96% do território estadual, por meio de 35,6 mil visitas técnicas realizadas por 236 técnicos de campo. Para 2025, a meta é expandir ainda mais, chegando a 6 mil propriedades atendidas.

Paralelamente, o Senar tem realizado cursos em áreas como fruticultura, pecuária, agricultura, gestão rural e energias renováveis, com mais de 6,7 mil participantes em 17 mil horas de aulas só em 2024. Na formação técnica, são 569 alunos matriculados em cursos de agricultura, zootecnia, fruticultura e agronegócio em nove polos de ensino, incluindo o Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim, com expansão prevista para 2025.

A meta é clara: tornar a agricultura de baixo carbono uma realidade no Rio Grande do Norte, unindo produtividade e cuidado com o meio ambiente. Para Luiz Paiva, o maior desafio é transformar o conhecimento em prática no campo, respeitando as condições de cada produtor. “O Senar não chega com crédito, mas chega com conhecimento. E esse é o primeiro passo para o produtor se organizar, acessar crédito com mais segurança e investir em uma produção mais sustentável”, conclui.

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Fonte: https://agorarn.com.br/rn/senar-ajuda-produtores-do-rn-a-adotar-praticas-sustentaveis-e-acessar-credito-mais-barato/