Manaus (AM) – Nascentes localizadas na zona Leste de Manaus apresentaram qualidade de água comparável à de áreas preservadas da floresta amazônica. É o que aponta uma pesquisa desenvolvida com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), em parceria com a Fapesp.
A investigação foi conduzida pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e avaliou a composição isotópica de múltiplas fontes de água, como chuva, igarapés, poços e esgotos. A metodologia utilizou traçadores naturais — como o deutério (²H) e o oxigênio-18 (¹⁸O) — para identificar a origem e o comportamento dos fluxos hídricos em diferentes microbacias da capital amazonense.
Água limpa no meio urbano

A análise revelou que, mesmo em áreas urbanas densamente ocupadas, como o entorno do Refúgio da Vida Silvestre Sauim-Castanheiras e do Instituto Federal do Amazonas (Ifam/CMZL), há pontos onde a qualidade da água é similar à observada em florestas primárias, como na Reserva Biológica do Cuieiras.
Segundo o coordenador do estudo, o doutor em Ciências da Engenharia Ambiental Sávio José Filgueiras Ferreira (Inpa), essa constatação mostra que ainda é possível restaurar e preservar corpos hídricos urbanos.
“Na área urbana do município, sabemos que há retirada de água subterrânea e isso tem causado um rebaixamento do nível de água, e lançamento de esgoto que, no período de estiagem, podemos perceber seus efeitos como mau cheiro, principalmente à noite, e há grande quantidade de resíduos e lixo nos canais”, disse Sávio Ferreira.
Ele disse ainda que isso explica o fato da pesquisa buscar compreender as fontes de água da bacia do Educandos, do igarapé do Quarenta e de seus principais tributários, cursos de água menores que desaguam em um rio principal.
Impacto da urbanização nas águas subterrâneas
A principal mudança detectada ocorreu nas águas subterrâneas entre microbacias naturais e urbanizadas. Os isótopos indicaram que, nas regiões urbanas, há predominância de águas mais recentes transportadas por fluxo de base — o que sugere alterações no ciclo natural da infiltração e recarga hídrica causadas pela urbanização acelerada.
A pesquisa incluiu áreas das bacias dos igarapés Educandos, Quarenta, Tarumã-Açu e Açu, abrangendo desde zonas altamente urbanizadas até reservas ecológicas como a Floresta Adolpho Ducke.
Técnicas e implicações ambientais
Foram utilizadas abordagens hidroquímicas, isotópicas e hidrológicas para mapear e comparar os compartimentos do ciclo hidrológico. O diferencial do estudo está na capacidade de cruzar dados de múltiplas fontes e contextos, estabelecendo uma base científica sólida para a formulação de políticas públicas de proteção ambiental e gestão hídrica.
“Monitorar os ambientes aquáticos urbanos é estratégico para a sustentabilidade hídrica da Amazônia”, reforça o pesquisador.
Programa Fapesp/Fapeam
A pesquisa integra o Programa Fapesp/Fapeam, que apoia redes colaborativas entre Amazonas e São Paulo em áreas como controle de queimadas, gestão de áreas protegidas e bioeconomia amazônica. O programa também fomenta estudos sobre segurança alimentar, alternativas econômicas sustentáveis e novos materiais derivados da biodiversidade regional.
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( * ) Com informações da assessoria/GC
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Fonte: https://emtempo.com.br/413406/amazonas/nascentes-urbanas-manaus-qualidade-agua-floresta-fapeam/