Ministra Luciana Santos no Seminário Governança e Estratégias Públicas em Inteligência Artificial – Foto: Luara Baggi (ASCOM/MCTI)
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, anunciou na última terça-feira (1º), durante um evento realizado no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro, que os países do BRICS estão analisando a criação de um cabo submarino de fibra óptica próprio.
A proposta está sendo avaliada como uma alternativa para fortalecer as infraestruturas de comunicação dos países integrantes do grupo e ampliar a autonomia e desenvolvimento tecnológica.
“A conexão direta dos países do BRICS vai permitir maior velocidade, menor latência, mais estabilidade e segurança para a transmissão de dados do Sul Global. O BRICS, portanto, é um espaço privilegiado de avanço científico-tecnológico, que evidencia a transformação na ordem internacional”, afirmou a ministra.
Luciana destacou que a implantação desse sistema representa um passo importante para o desenvolvimento educacional e científico, ao mesmo tempo em que garante maior proteção e estabilidade na troca de informações entre os países do bloco.
A proposta do cabo submarino dos BRICS já havia sido debatida durante a 13ª Reunião de Ministros de CTI, realizada no Palácio Itamaraty sob a liderança do Brasil, que ocupa a presidência do bloco neste ano.
Durante o encontro, representantes dos 11 países membros — incluindo os mais recentes integrantes, como Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã — e de nações parceiras, como Cuba, Nigéria e Tailândia, saudaram o início do processo de adesão ao Memorando de Entendimento (MdE) de CTI do BRICS, firmado originalmente em 2015.
“A infraestrutura de cabos submarinos por onde circulam os dados está fortemente concentrada no Norte Global. Por isso, uma das propostas que constará na carta é justamente a realização de um estudo de viabilidade para a implementação de um cabo submarino do Sul Global”, explicou Luciana Santos.
A ministra destacou que, no contexto de transformações geopolíticas e tecnológicas, o domínio de dados é crucial para a soberania dos países: “O maior desafio hoje é a corrida pelo domínio tecnológico. E, para isso, nós precisamos, e muito, de dados. Vivemos em um contexto em que a revolução tecnológica depende fortemente da nossa capacidade de acesso e uso de dados para a tomada de decisões”.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Além da discussão sobre o cabo óptico, Luciana Santos antecipou pontos centrais da próxima Cúpula do BRICS, que ocorrerá nos dias 6 e 7 de julho, também no Rio de Janeiro. Segundo ela, o grupo buscará consolidar uma pauta voltada para “desenvolvimento ecológico, equidade, inclusão e fortalecimento do Sul Global”, priorizando a incorporação de novas tecnologias.
A ministra também expressou preocupação com o domínio concentrado da inteligência artificial por um número restrito de países e corporações. Ela alertou: “A forma como a IA [inteligência artificial] se desenvolve atualmente no mundo, em um grupo pequeno de empresas privadas e países, suscita preocupações de que essa nova tecnologia possa aprofundar assimetrias de poder”.
Luciana ressaltou a importância do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), que prevê investimentos de R$ 23 bilhões até 2028 e já conta com cerca de 31% das ações propostas concluídas ou em andamento.
“O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação está comprometido em colocar a inteligência artificial a serviço de um projeto nacional, de crescimento com justiça social e equidade. Isso exige visão estratégica, coordenação entre setores e investimentos robustos”, afirmou a ministra do MCTI.
Durante o evento promovido pelo BNDES, foi assinado um protocolo de intenções para o desenvolvimento do projeto Rio IA Siri, que busca posicionar a cidade como um hub de data centers e inteligência artificial na América Latina. O encontro também contou com a presença de outras autoridades como a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Fonte: https://horadopovo.com.br/cabo-submarino-do-brics-pode-revolucionar-comunicacao-entre-paises-do-sul-global-diz-luciana/