Por Jeferson Propheta, VP da CrowdStrike para América do Sul
O setor de tecnologia é uma área promissora do ponto de vista de carreira, e a cibersegurança, em particular, tem ganhado cada vez mais destaque. Os ataques cibernéticos estão aumentando, e os adversários estão se tornando mais sofisticados e persistentes. As empresas precisam trabalhar incansavelmente para proteger seus ativos digitais críticos — e, para isso, necessitam de profissionais com habilidades específicas para operar seus sistemas de segurança e impedir ataques.
O problema é que a maioria das organizações não possui funcionários suficientes com as habilidades necessárias em cibersegurança. Esse déficit de profissionais em cibersegurança é uma questão global e também afeta empresas no Brasil. Um estudo realizado pelo ISC2, uma organização especializada em treinamento em cibersegurança, revelou que o Brasil possui cerca de 752.000 profissionais na área — mas ainda há um déficit de aproximadamente 215.000 vagas. Esse déficit diminuiu 7,5% entre 2023 e 2024, mas ainda é significativo. O estudo de 2025 ainda não foi divulgado.
Essa lacuna não se trata apenas de números — ela também reflete os desafios crescentes que as organizações enfrentam para reter profissionais de cibersegurança, cujas habilidades precisam evoluir constantemente para acompanhar novas ameaças. O ISC2 aponta que as habilidades técnicas mais procuradas pelos gestores de contratação incluem segurança de plataformas e infraestrutura em nuvem, segurança de dados em nuvem e arquitetura e design de nuvem.
A Inteligência Artificial, um tema amplamente discutido no setor, também está redefinindo as soluções de cibersegurança e impactando os profissionais da área. Como há poucos especialistas em áreas emergentes como IA, aqueles que possuem esse conhecimento estão em alta demanda e são mais difíceis de contratar pelas organizações.
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Essa interseção entre cibersegurança e tecnologias emergentes significa que os profissionais de segurança de hoje devem se adaptar e aprender continuamente. Segundo o mesmo estudo do ISC2, 74% dos profissionais de cibersegurança entrevistados globalmente afirmaram que o cenário atual de ameaças é o mais desafiador que já enfrentaram nos últimos cinco anos. Para as organizações, esse contexto reforça a necessidade crescente de investir em treinamento e qualificação, tanto técnica quanto não técnica.
Aqueles que desejam ingressar no mercado de cibersegurança podem se interessar em saber que o setor tem se mostrado cada vez mais aberto a habilidades não técnicas. Embora a expertise técnica seja fundamental, a crescente valorização de habilidades não técnicas está criando novos caminhos para um número maior de profissionais ingressarem na área. Na verdade, os dados mostram que essas habilidades estão sendo mais demandadas. Globalmente, as principais habilidades buscadas pelos gestores de contratação incluem resolução de problemas, trabalho em equipe, colaboração, curiosidade e comunicação, conforme aponta o estudo do ISC2.
Mais da metade (51%) dos entrevistados concordam total ou parcialmente que as habilidades não técnicas serão ainda mais importantes para os profissionais de cibersegurança em um mundo impulsionado pela IA. Uma das razões para isso é que a IA pode ser uma ferramenta valiosa na execução de algumas tarefas de cibersegurança, mas não substituirá o conjunto de habilidades humanas. Acredito que a combinação entre IA e expertise humana é essencial para combater as ameaças cibernéticas em constante evolução.
Além da maior valorização das habilidades não técnicas, a indústria também parece mais receptiva a profissionais seniores. Em 2024, 35% dos novos profissionais que ingressaram na área de cibersegurança tinham entre 39 e 49 anos.
A oportunidade está clara para aqueles que têm vontade de aprender. A cibersegurança oferece múltiplos caminhos de carreira que podem atrair tanto profissionais técnicos quanto não técnicos. Ao mesmo tempo em que o combate aos adversários cibernéticos é um desafio constante, ele traz uma grande recompensa: tornar o mundo um lugar mais seguro para todos nós.
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Fonte: https://itforum.com.br/noticias/evolucao-ameacas-ciberneticas-demanda-profissionais/