PANROTAS / Emerson Souza
O Brasil tem hoje a segunda maior taxa básica de juros real entre as 40 principais economias globais, atrás apenas do México nesse ranking. A taxa Selic nominal está em 15 % ao ano, valor estabelecido na última reunião do Copom em 18 de junho de 2025. O patamar nominal resulta em uma taxa de juros real superior a 9%.
A conta é simples: quanto maior a taxa de juros, maior é a desaceleração do consumo. Mas como isso o dia a dia das empresas do Turismo? Com juros a 15%, que vem subindo desde 2024 e sem previsão de descida, conversamos com Fabio Godinho, CEO da CVC Corp, considerada a maior operadora de Turismo da América Latina.
O executivo lembra que o governo federal só sobe os juros para desacelerar o consumo e automaticamente a inflação. No entanto, com os 15% atuais de juros, maior até do que a Argentina, que enfrentou uma profunda crise nos últimos anos, Godinho reconhece que o consumo vai desacelerar.
“Embora o nível de empregabilidade esteja bom e o salário tenha crescimento real, uma hora o consumo vai recuar. O varejo como um todo já está sentindo este aumento, teremos um segundo semestre difícil, quando o consumo já pode dar mostras de desaceleração em função da economia. É normal! Não podemos esperar que o mercado siga crescendo com juros a 15%. Em nenhum lugar isso acontece, ou seja, é algo que nos preocupa, até porque está sendo feito por razões erradas, como má alocação de capital interno e um gasto fiscal desajustado”
Fabio Godinho, CEO da CVC Corp
Godinho revelou que “a sorte” foi ter investido fortemente na reestruturação financeira e operacional da CVC Corp nos últimos dois anos. “Reduzimos custos, melhoramos a rentabilidade, criamos geração de valor, abrimos mais lojas, implementamos o Figital e reestruturamos o B2B, o B2C, o Brasil e a Argentina. É por isso que chegamos neste momento absolutamente saudável financeiramente”, destacou o CEO.
“Se pegássemos juros a 15% há dois anos, não investiríamos na CVC. E neste momento delicado, posso dizer que muitas empresas vão ficar pelo caminho. Essa mágica de vender a 12 vezes, pagando alta comissão e com margem baixa não vai durar mais 12 meses”
Fabio Godinho, CEO da CVC Corp, ciente de que o Banco Central manterá essa taxa por um bom tempo
PANROTAS/Gute Garbelotto
Apesar dos desafios macroeconômicos, Godinho afirmou que a projeção de crescer em todos os trimestres, como ele mesmo afirmou na conferência de resultados do 1T25, se mantém! “Abrimos muitas lojas, estamos com maior presença na Argentina, impulsionamos as vendas através do Figital, temos lojas maduras em vendas, temos um fluxo completamente novo de clientes Figital, o que vem dando sustentação a esse modelo de negócio”, disse.
Segundo Godinho, o que faz a CVC Corp atravessar este turbulento momento com saúde financeira foi justamente o turnaround realizado em 2023, somado às mudanças estratégicas de 2024. “Acertamos a dívida e o balanço, capitalizamos a empresa em R$ 800 milhões, criamos métodos de pagamento diversificados, avançamos em produtos exclusivos, abrimos novas lojas, implementamos o Figital…. sem isso, as coisas estariam muito difíceis’.
“Passaremos 12 meses com a demanda pressionada, com sorte pela diversificaçãod o grupo, mas teremos anos muito bons em 2026, 2027 e 2028. E o mercado vai reconhecer o esforço da CVC Corp no momento certo. O mercado tinha dúvida da CVC quando assumimos a gestão, mas isso já passou. O que segura a gente agora é apenas o ponto de vista macroeconômico. O Brasil é um pais cíclico e emergente, enquanto a CVC é resiliente para aguentar esses ciclos econômicos. Estamos preparados com todas as unidades de negócios reforçadas, com plenas condições de cumprir todas as obrigações e com muita novidade por vir”
Fabio Godinho, CEO da CVC Corp
Fonte: https://www.panrotas.com.br/mercado/operadoras/2025/07/cvc-corp-destrincha-estrategias-para-enfrentar-brasil-com-15-de-juros-ao-mes_219296.html