Ibovespa ultrapssa os 136 mil pontos nesta segunda-feira (26), puxado por ações da Petrobras, enquanto o dólar beira à estabilidade, à medida que os ativos brasileiros eram influenciados por preocupações com o aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio, que tinham impacto global sobre ativos de maior risco e preços de commodities.
Israel e o grupo militante libanês Hezbollah trocaram ataques de mísseis ao longo do fim de semana, em uma escalada do conflito na fronteira israelense com o Líbano, gerando temores da ampliação das tensões regionais fomentadas desde o início da guerra na Faixa de Gaza no ano passado.
Os eventos no Oriente Médio faziam os preços do petróleo dispararem, impulsionado as ações da Petrobras, o que auxiliava o Ibovespa pela manhã. No entanto, o real era prejudicado pela busca de ativos seguros, como o dólar, em meio à perspectiva de uma guerra generalizada na região.
Às 14h04, o Ibovespa subia 0,89%, a 136.819,46 pontos. Na última sessão, o principal índice da bolsa brasileira encerrou em moderada alta de 0,32%, a 135.608,47 pontos, depois de uma semana de recordes históricos.
No mesmo horário, o dólar tinha queda de 0,11%, cotado a R$ 5,480. Na sexta-feira (23), a moeda fechou em baixa de 1,97%, cotado a R$ 5,479, acompanhando queda generalizada da moeda norte-americana no exterior.
Analistas do Morgan Stanley elevaram a recomendação das ações da Petrobras para “overweight” ante “equal weight”, bem como o preço-alvo dos ADRs PBR.N de US$ 18 para US$ 20, enxergando uma perspectiva de retorno total atraente.
Por volta das 11h20, na bolsa paulista, as preferenciais da Petrobras avançavam 4,93%, a R$ 38,71, enquanto as ações ordinárias tinham alta de 6,17%, a R$ 41,82, capitaneando os ganhos do Ibovespa.
Cenário internacional
As falas de Powell confirmaram as expectativas crescentes dos mercados de que o banco central dos EUA cortará sua taxa de juros em setembro em meio a um esfriamento do mercado de trabalho e à desaceleração da inflação, que tem retornado gradualmente em direção à meta de 2% do Fed.
O apetite por risco, no entanto, diminuía no início desta semana, uma vez que os investidores aguardavam a divulgação de uma nova bateria de dados econômicos e analisavam o aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio.
O grande evento econômico da semana ocorrerá na sexta-feira (30), com a publicação do relatório do índice PCE para julho, o indicador preferido de inflação do Fed, que deve fornecer sinais sobre a trajetória dos preços nos EUA.
Analistas consultados pela Reuters projetam que o índice registre uma alta de 0,2% na base mensal, de 0,1% no mês anterior. Em relação ao ano anterior, a expectativa é de avanço de 2,5%, mesmo patamar de junho.
Outras economias importantes, como Alemanha, Espanha e França, divulgarão dados de inflação ao consumidor ao longo da semana.
Agentes financeiros também tinham no radar o aumento das tensões no Oriente Médio, com Israel e o grupo militante libanês Hezbollah trocando ataques de mísseis e drones durante o fim de semana, gerando preocupações de escalada nos confrontos regionais e busca por ativos seguros.
Os eventos no Oriente Médio impactavam os preços do petróleo, que subiam a taxas de quase 3% globalmente.
“Por um lado, o mercado ainda nutre certa perspectiva positiva diante da queda iminente dos juros norte-americanos. Por outro, os movimentos geopolíticos entre Israel e Hezbollah provocam uma aversão ao risco, com impacto sobre o dólar”, disse Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.
Cenário nacional
No cenário nacional, estavam no radar comentários do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, em evento do Tribunal de Contas do Estado do Piauí. Ele afirmou que o BC está em posição de cautela diante de indicações de que a atividade econômica no Brasil está resiliente.
Na agenda macroeconômica nacional, o IBGE divulgará na terça-feira (27) os dados do IPCA-15 de agosto, um medidor inicial do comportamento dos preços neste mês.
Mais cedo, analistas consultados pelo Banco Central subiram de forma acentuada sua expectativa para o crescimento do PIB ao fim deste ano, mas elevaram novamente a projeção para a alta do IPCA em 2024, de acordo com a mais recente pesquisa Focus.
O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a economia brasileira é vista crescendo 2,43% ao fim de 2024, ante avanço de 2,23% na semana anterior.
Por outro lado, o Focus ainda evidenciou que o mercado subiu pela sexta semana consecutiva a projeção para a alta do IPCA neste ano, agora em 4,25%, de 4,22% há uma semana.
*Com informações de Reuters
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/mercado/mercado-hoje-26-de-agosto-de-2024/