Foto: Lula Marques –
Ainda presidente da Câmara, parlamentar alagoano tem muito em comum com Bolsonaro. Jornalistas e fotógrafos têm seu trabalho dificultado e espaço restringido por ele
Arthur Lira (PP-AL) está próximo de encerrar seu mandato como presidente da Câmara dos Deputados. Desde que assumiu o cargo, em fevereiro de 2021, sua gestão foi marcada pela proximidade com o governo Bolsonaro. Sempre alinhado ao ex-presidente, Lira colaborou com medidas autoritárias e, após a vitória de Lula (PT), usou seu poder para dificultar o início do novo governo.
Uma característica marcante de Lira é a aversão à imprensa. Embora menos explosivo que Bolsonaro, ele adotou práticas que restringem a atuação jornalística, prejudicando a liberdade de imprensa, essencial para a democracia. Lula Marques, renomado fotojornalista com 44 anos de cobertura no Congresso, destaca que Lira proibiu fotógrafos no plenário após a publicação de uma foto em que, por um ângulo sugestivo, parecia usar um cocar indígena. A legenda “O ‘cacique’ da Câmara” irritou o parlamentar, que respondeu restringindo ainda mais o acesso dos jornalistas ao plenário e relegando-os a um espaço inadequado e distante.
Marques descreve o episódio como um ataque à democracia e à transparência. Ele lamenta que os jornalistas não tenham mais acesso às galerias laterais, de onde era possível registrar imagens significativas. Segundo ele, as ações de Lira revelam um desprezo pela liberdade de imprensa, atitude incompatível com regimes democráticos.
Outro episódio polêmico envolveu o jornalista Guga Noblat, expulso da Câmara em meio a problemas burocráticos relacionados à renovação de sua credencial. Noblat acredita que a decisão foi motivada por pressões de Lira, caracterizando-a como perseguição pessoal. Após cruzar com Lira nos corredores da Câmara, foi abordado por seguranças e impedido de gravar, mesmo em áreas abertas. Para Noblat, o episódio é exemplo de autoritarismo e intolerância, características que marcaram a gestão de Lira.
Com informações do DCM