O voto dos cinco deputados estaduais do PSOL na reeleição de Rodrigo Bacellar (União) à presidência da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) gerou uma crise interna no partido. Enquanto uma ala defende que o apoio fortalece a atuação da sigla nas comissões e amplia o espaço de fiscalização, outra vê a decisão como uma traição aos princípios partidários e um alinhamento inaceitável ao governo de Cláudio Castro.
O deputado federal Glauber Braga foi um dos principais críticos da postura dos correligionários. Ele afirmou que a decisão da bancada na Alerj foi tomada sem consulta à militância e pode provocar um racha interno. “A gente está precisando muito menos de decisão de cúpula e mais ampliação de fôlego nessa discussão com o conjunto do partido. Existiu um abismo entre a direção e a militância. Se tivesse tido uma consulta, ela diria não ao apoio ao candidato de Cláudio Castro”, declarou ao Globo. Para ele, a institucionalização do PSOL está afastando o partido de sua base e do confronto direto com as políticas do governo estadual.
Por outro lado, parlamentares estaduais justificam a decisão com base na ampliação de espaços estratégicos na Alerj. O líder do PSOL na Casa e presidente estadual da sigla, Flavio Serafini, rebateu as críticas e ressaltou que a escolha foi debatida internamente. “O fortalecimento do Bacellar é muito mais simbólico. Ele seria eleito de qualquer forma. Mas teremos mais capacidade de participar em debates estratégicos para o Estado do que nós teríamos se não fosse esse acordo”, disse. Ele também lembrou que a posição do PSOL nas comissões será fundamental para discutir pautas como a adesão do Rio ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).
Deputada diz que decisão foi estratégica para a esquerda na Alerj
A deputada Dani Monteiro, que permanecerá na Comissão de Direitos Humanos, reforçou que o voto foi uma estratégia para garantir espaços de fiscalização e proposição política. “Sem a possibilidade regimental de chapa própria, tivemos que nos posicionar tomando, evidentemente, uma decisão muito difícil. Foi um movimento para preservar instrumentos estratégicos no campo da esquerda”, explicou.
O embate público entre os grupos do PSOL se intensificou nas redes sociais. O deputado estadual Yuri Moura criticou Glauber Braga e defendeu que a decisão foi pragmática. “Aqui existem outros deputados de correntes ideológicas que precisamos trabalhar com estratégia. Para nós, é importante que os mandatos tenham condições de trabalhar e realizar sua oposição e fiscalização ao governo”, afirmou. Ele ainda provocou: “Sou de uma ala da esquerda que se preocupa em trabalhar e não lacrar”.
Apesar da divisão, a decisão da bancada do PSOL foi aprovada pela direção estadual do partido por nove votos a três. Em nota divulgada na noite desta terça-feira (4), a legenda reafirmou sua posição de oposição ao governo Castro e defendeu que o compromisso assumido por Bacellar fortalece a autonomia do Legislativo fluminense
Com informações de O Globo
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Fonte: https://agendadopoder.com.br/racha-no-psol-apoio-a-reeleicao-de-bacellar-na-alerj-gera-embate-interno/