O vice-governador Thiago Pampolha (MDB) anunciou publicamente pela primeira vez que será candidato ao Governo do Estado em 2026, independente do que decidir o governador Cláudio Castro (PL) – com quem está rompido desde março do ano passado -, que pode renunciar ao cargo em 31 de março para disputar uma vaga no Senado. Com isso, Pampolha sentaria na cadeira a partir de abril e disputaria as eleições como governador.
A declaração foi dada durante uma entrevista à coluna Jogo Político, do jornalista Thiago Prado, de O Globo. Pampolha deixou claro que mesmo Castro não renunciando, eles estarão de lados opostos em 2026. Isso porque o governador já anunciou que vai apoiar a candidatura do presidente da Alerj, Rodrigo bacellar (União) para sua sucessão.
A fala de Pampolha não deixa de ser também uma resposta às frases de Castro em uma entrevista ao jornal Valor Econômico, no último dia 14. Nela, o governador garantiu que seu vice só sentará na mais importante cadeira do Palácio Guanabara se ele “morrer ou infartar”.
Abaixo, os principais trechos da entrevista de Thiago Pampolha:
Como o senhor responde à entrevista do governador Cláudio Castro para o Valor dizendo que o senhor não sentará na cadeira dele?
Me surpreendi muito com essas declarações. As palavras do Claudio foram duras, mas o coração dele é mole e muito saudável, graças a Deus (risos). Agora… eu não quero, de maneira nenhuma, que o Cláudio tenha um infarto, muito menos morra. Entendo que a posição do governador não é nada fácil. Governar e liderar um processo político dessa dimensão o coloca sob intensa pressão, principalmente por parte de alguns aliados. No meu CPF, eu te confirmo aqui: vou disputar as eleições ao governo do estado do Rio.
Aliados do governador garantem que o senhor vai acabar aceitando uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE) e sairá do caminho de Bacellar, exatamente como Castro quer…
Não, não é verdade. Ser lembrado para uma função tão importante é uma honra, mas isso jamais passou pela minha cabeça. Estou focado e preparado para a missão de enfrentar os problemas do estado.
Não é ruim para o Rio o governador e o vice não terem uma boa relação e estarem rompidos?
Os problemas que tivemos foram pontuais e, da minha parte, estão superados. Desentendimentos acontecem, entre irmãos, marido e mulher… por que seria diferente numa relação de natureza política? É do jogo. Somos amigos e tenho apreço pelo Cláudio. Mas a verdade é que tentaram me colocar como um vice decorativo e eu não me encaixo nesse papel. Se pensaram que eu iria ficar apanhando quieto, aplaudindo e sorrindo para tudo, estavam muito enganados.
Então a sua candidatura será de oposição ao próprio governo que o senhor integra? Como convencer o eleitor?
Minha candidatura não será de oposição. Será de posição, de atitude e posicionamento firme. Todos sabem que não participo das decisões do governo, e, portanto, não responderei por nenhuma delas, a não ser na área ambiental no tempo em que estive à frente da pasta. Eu não tenho um tutor. Tenho independência para tomar minhas próprias decisões e uma história na política fluminense. Fui deputado por três mandatos, secretário de estado duas vezes, conheço profundamente o estado do Rio e estou pronto para enfrentar o maior desafio da minha vida. Tem muita coisa nesse governo com o que eu não concordo.
Cite algumas delas.
Na segurança pública, o governo paga um dos maiores salários do país, investiu em tecnologia, armamento e viaturas. Mesmo assim, temos os piores índices do Brasil, o que mostra que a falha está na gestão e na estratégia. O Segurança Presente, por exemplo, tem que estar sob o comando da Polícia Militar, que é a responsável pela segurança ostensiva, e não na Secretaria de Governo. Outra coisa que não é aceitável é essa troca relâmpago de secretários em áreas sensíveis e que demandam muito planejamento e técnica. Teve secretário durando 15 dias… Outra questão é a agenda ambiental. Em 2022, criei o “Ambiente Jovem”, que é de longe o maior programa de educação ambiental do Brasil. Formamos mais de 12 mil jovens de 16 a 24 anos em todo o estado do Rio, muitos moradores de áreas conflagradas. Foi desolador ver um trabalho desse vulto ser encerrado abruptamente logo após a minha exoneração.
Quem manda no MDB do Rio hoje é o secretário de Transportes, Washington Reis, aliado do governador. O senhor conseguirá convencer o seu partido a apoiá-lo no projeto de concorrer ao Palácio Guanabara?
O meu partido já está convencido, e o candidato sou eu. O Washington é um quadro político importantíssimo e um grande amigo pessoal. Aliás, a construção para eu ser escolhido vice na chapa com o Cláudio em 2022 passou essencialmente por ele. Tem a minha gratidão sempre. Mas ele é habilidoso e jamais colocaria um projeto pessoal ou qualquer vaidade acima dos interesses do partido e da população do Rio. Uma coisa é preciso ficar clara: se confirmada a candidatura do Cláudio ao Senado, certamente contará com meu voto e apoio. Ele tem se dedicado à questão dos ajustes na legislação penal e na dívida do estado.
A sua família tem negócios na área de postos de gasolina no Rio. Teme uma devassa na sua vida privada em meio a essa disputa?
Não, de forma alguma. Ameaças de qualquer tipo nunca me intimidaram e não seria agora. Quanto à vida empresarial da minha família, não começou ontem. São muitos anos de trabalho duro e muito sério, tem tradição e sempre foi totalmente dissociada da coisa pública.
O prefeito Eduardo Paes costuma conversar com o senhor. Há chances de o senhor assumir o governo e, na verdade, colocar a máquina para apoiar o prefeito, que deve ser candidato?
Estranho seria eu não conversar com o prefeito da minha cidade. Somos amigos, mas não aliados. Eu serei o candidato. Aliás, o Eduardo Paes é candidato? Ele não vai querer manchar sua biografia com essa marca de traição aos cariocas e a toda a sociedade. Seria vergonhoso. Mas acredito, sim, que ele possa ser candidato a vice-presidente na chapa do PT, com o presidente Lula.
O MDB hoje tem uma ala ligada ao presidente e, outra, a Bolsonaro. O senhor está de que lado?
Sou centro-direita e em 2026 quero ter a oportunidade de votar e apoiar o Bolsonaro de novo. Eu entendo as coisas de forma simples: família, religião e princípios são pilares fortes na minha vida.
O senhor é a favor da anistia para os acusados do 8 de janeiro?
Entendo que deve haver uma reconsideração sobre as penas. O sujeito que vandalizou um bem público deve pagar por isso na leitura da lei. O que me preocupa muito é a dosimetria. Você não pode condenar a 14 anos uma mulher que pichou uma estátua com batom e soltar traficantes, milicianos e assassinos em menos de 24 horas numa audiência de custódia.
Com informações de O Globo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/pampolha-diz-que-sera-candidato-a-governador-em-2026-assumindo-ou-nao-o-guanabara/