O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizou que não pretende interferir no processo que pode levar à cassação do mandato do deputado Glauber Braga (Psol-RJ). A declaração foi feita nesta quarta-feira (9), durante conversa com integrantes da bancada do PSOL, pouco após o Conselho de Ética da Casa aprovar, por 13 votos a 5, o parecer favorável à perda do mandato do parlamentar por quebra de decoro.
Desde a votação no Conselho de Ética, Glauber Braga entrou em greve de fome e está dormindo nas dependências da Câmara.
Segundo informações da jornalista Basília Rodrigues, da CNN Brasil, Motta foi procurado por deputados do PSOL que pediram uma atuação institucional para barrar o avanço da cassação. No entanto, o presidente da Câmara teria rechaçado a possibilidade de interferência e teria sido direto ao afirmar que “Glauber fez muitas inimizades no plenário” e que dificilmente conseguirá reverter o cenário atual.
A resposta esfriou de vez as esperanças da legenda, que decidiu obstruir a pauta do plenário como forma de protesto. Os parlamentares chegaram a solicitar que Hugo Motta iniciasse a sessão plenária ainda na tarde de quarta-feira, o que automaticamente suspenderia as reuniões das comissões, incluindo a do Conselho de Ética. O pedido, no entanto, foi ignorado.
Antes da votação no colegiado, lideranças do PSOL ainda tentaram, sem sucesso, convencer individualmente membros do Conselho de Ética a adiar a deliberação. A articulação surtiu pouco efeito e o resultado acabou apenas adiado por algumas horas.
São necessários 257 votos em plenário para cassar o mandato
O processo que pode culminar na cassação de Glauber Braga agora será encaminhado ao plenário da Câmara, onde precisará de pelo menos 257 votos favoráveis para ser confirmado. Nos bastidores, há o reconhecimento de que o deputado enfrenta forte resistência entre seus pares — inclusive fora da oposição.
Mesmo assim, o PSOL articula novas estratégias jurídicas e políticas. O partido estuda entrar com recurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, se necessário, acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão.
Glauber Braga, conhecido por sua atuação combativa e confrontos frequentes com colegas e membros do governo, ainda não se pronunciou publicamente após a votação. Aliados, no entanto, classificam a medida como “perseguição política” e prometem continuar mobilizados para defender o mandato do deputado.
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Fonte: https://agendadopoder.com.br/presidente-da-camara-diz-que-nao-atuara-para-impedir-cassacao-de-glauber-braga/