O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) respondeu às acusações do vereador de Natal, Subtenente Eliabe (PL) sobre suposto envolvimento com facções criminosas em ocupações urbanas. Em nota oficial, a organização, que possui CNPJ ativo e atua há 25 anos, negou qualquer relação com o crime organizado e classificou a Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara de Natal como tentativa de criminalizar a luta por moradia digna.
“Distribuímos 750 toneladas de alimentos durante a pandemia e garantimos duas mil moradias em Natal nas últimas duas décadas. Enquanto isso, o poder público ignora o déficit habitacional de 70 mil famílias”, afirmou a coordenação estadual do MLB. O movimento explicou que as ocupações visam dar função social a imóveis públicos ociosos. “Não aceitamos que nos chamem de criminosos quando fazemos o trabalho que o Estado abandonou”.
A resposta veio após matéria publicada pelo AGORA RN nesta quinta-feira 10, em que o vereador Eliabe afirma que a CEI das Invasões da Câmara Municipal investiga indícios de que o MLB estaria “negociando com facções para confiscar casas de programas habitacionais”, afirmando que “há indícios de que integrantes de facções criminosas es tão envolvidos nesse movimento”.
O vereador citou relatos de que integrantes do movimento ofereceriam dinheiro para despejos forçados: “Temos relatos de que eles oferecem dinheiro para a pessoa deixar o imóvel e, quando não aceitam, são expulsos à força. Queremos saber quem está por trás disso, quem financia, quem articula”, disse, em entrevista à rádio Mix.
O MLB rebateu as acusações afirmando que estas “são mentiras para esconder nossa luta contra a especulação imobiliária que domina o centro da cidade”. “O MLB é perseguido porque luta pelo direito a cidade e faz um enfrentamento a especulação imobiliária no centro de Natal. Em 2024 e 2025 famílias sem teto entraram em disputa na justiça por terrenos públicos que sofreram processo de grilagem na zona leste. Por isso o MLB incomoda tanto quem apenas defende os interesses das grandes construtoras e da especulação imobiliária”.
Ainda na nota, o MLB detalhou o funcionamento interno das ocupações: “Temos regras rígidas – proibição de drogas, violência e qualquer atividade ilegal. Quem desrespeita é expulso pela própria comunidade”. O movimento ainda desafiou: “Mostrem onde há mais segurança em Natal do que em nossas ocupações, onde vivemos sem muros ou armas”.
Sobre as acusações de invasões a prédios privados, o MLB argumentou que “shopping Midway e Carrefour foram ocupações temporárias para pressionar por políticas públicas durante a pandemia. Já o antigo Diário de Natal é propriedade abandonada há anos”.
O texto finalizou com um recado: “Perseguirão nosso movimento, mas não calarão as 70 mil famílias que precisam de moradia em Natal. Enquanto a casa for privilégio, a ocupação será direito”. A CEI deve convocar representantes do MLB para depor nas próximas semanas.
Fonte: https://agorarn.com.br/ultimas/mlb-acusa-cei-de-criminalizar-movimento/