Andiroba vira repelente ecológico nas mãos de alunos em Belém

Em uma escola estadual localizada no bairro do Guamá, em Belém, um grupo de estudantes encontrou uma solução sustentável para um problema comum: o excesso de mosquitos. O projeto, batizado de “Repelente da Andiroba”, foi desenvolvido por alunos da Escola Estadual Professora Ruth Rosita de Nazaré Gonzales, dentro da nova disciplina de Educação Ambiental, implementada neste ano em toda a rede estadual de ensino do Pará.

Desde o primeiro bimestre de 2024, a Educação Ambiental passou a ser obrigatória em todas as etapas da educação básica no estado, por meio de uma política inovadora da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). A iniciativa tem como objetivo estimular o protagonismo dos estudantes em ações práticas voltadas à sustentabilidade — como ilustra o projeto da Escola Ruth Rosita.

Repelente Natural e Saberes Tradicionais

A proposta nasceu de uma necessidade real: o combate aos mosquitos na área próxima à escola. Em resposta, os estudantes, orientados por professores, desenvolveram um repelente natural à base de óleo de andiroba, extraído de forma artesanal, combinado com essência de priprioca, planta típica da Amazônia. O projeto envolveu pesquisa de campo, visitas a comunidades ribeirinhas, rodas de conversa, atividades em laboratório e o apoio da ribeirinha Nazaré Vulcão, guardiã dos saberes tradicionais da extração da andiroba.

“Queríamos algo natural, eficaz e conectado com os saberes tradicionais da nossa terra”, explica a professora Pâmela Raiol, responsável pelo projeto. “Os alunos participaram de todas as etapas — da coleta à produção — e aprenderam a valorizar tanto a ciência quanto os conhecimentos tradicionais.”

Para o estudante Diogo Maciel, da 2ª série do Ensino Médio, a experiência foi enriquecedora. “Eu não tinha ideia do trabalho envolvido na produção do óleo. Participar de tudo mudou minha visão e me ensinou a importância de valorizar a cultura local junto com a ciência.”

Impacto e Significado do Projeto

A diretora da escola, Márcia Ruiz, também destacou os impactos da iniciativa. “Foi uma vivência marcante. Os alunos experimentaram a ciência na prática, com os pés na cultura amazônica. O projeto incentivou o trabalho coletivo, a troca de saberes e a integração com a comunidade escolar.”

O secretário de Educação, Rossieli Soares, reforça a importância da educação no enfrentamento dos desafios ambientais. “O Pará é protagonista nas pautas ambientais e climáticas. Com esse novo componente curricular, colocamos a educação no centro da transformação. Projetos como o da escola Ruth Rosita mostram que é possível aprender resolvendo problemas reais e valorizando nossa identidade amazônica.”

A disciplina de Educação Ambiental conta com material didático regionalizado, formação continuada para professores e suporte técnico. A ação se conecta ao papel de destaque que o Pará terá em 2025, ao sediar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém.

Fonte: https://diariodopara.com.br/belem/andiroba-ciencia-e-tradicao-estudantes-criam-repelente-natural-no-para/