Lindbergh diz que apoio à urgência da anistia é rompimento com o governo

O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), reagiu com veemência à adesão de parlamentares da base do governo Lula ao requerimento de urgência para o Projeto de Lei que prevê anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A declaração foi feita em entrevista à GloboNews nesta terça-feira (15). As informações são do Estadão.

Segundo Lindbergh, os deputados que assinaram o pedido de urgência — inclusive integrantes de partidos que ocupam ministérios no governo — tomaram uma decisão política de “romper com o governo”. “Não é o governo que está retaliando, é o deputado que está fazendo opção de romper com o governo. Não é razoável o governo aceitar alguém que queira anistiar quem tentou matar o Lula”, disparou.

O requerimento foi protocolado na segunda-feira (14) com 262 assinaturas. Desse total, 146 pertencem a deputados de partidos da base governista, como União Brasil (40 assinaturas), Progressistas (35), Republicanos (28), PSD (23) e MDB (20). Todos esses partidos controlam pastas na Esplanada.

Lindbergh reforçou que, para ele, apoiar o projeto é se associar a uma “tentativa criminosa de rasgar a Constituição”. O parlamentar também minimizou o impacto do requerimento. “Eles estão dando como fato que conseguir as assinaturas significa que o projeto será pautado. Isso é falso”, afirmou, acrescentando que não acredita que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), vá levar o tema ao plenário.

A avaliação é compartilhada por Gleisi Hoffmann (PT), ministra da Secretaria de Relações Institucionais, que afirmou ao Estadão confiar na palavra de Motta. “Conseguir assinatura para tramitação em regime de urgência não quer dizer que o projeto vá para a pauta”, destacou.

Ainda segundo a Coluna do Estadão, o presidente da Câmara trabalha nos bastidores para costurar um acordo entre os Três Poderes, a fim de evitar um desgaste político maior. Uma das promessas de Motta ao assumir a presidência da Casa foi justamente evitar o uso excessivo do regime de urgência, priorizando o debate nas comissões parlamentares. A votação em urgência permite que o projeto vá direto ao plenário, sem passar pelas comissões temáticas.

O avanço da proposta de anistia reacendeu a tensão entre o Palácio do Planalto e partidos que integram o governo, mas que votam de forma independente em pautas sensíveis. Enquanto isso, a oposição vê no projeto uma oportunidade de proteger apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro já condenados ou investigados por envolvimento nos ataques.

A expectativa agora se volta à posição final de Hugo Motta e aos desdobramentos das articulações políticas nos bastidores da Câmara.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/lindbergh-diz-que-apoio-a-urgencia-da-anistia-e-rompimento-com-o-governo/