Em pronunciamento durante as celebrações do Dia do Exército nesta quarta-feira (16), o comandante da força terrestre, general Tomás Ribeiro Paiva, destacou o papel institucional da corporação como defensora da Constituição e reafirmou a necessidade de manter o Exército brasileiro “imparcial”, “disciplinado” e “patriota”. A cerimônia foi realizada no quartel-general da instituição, em Brasília, e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de autoridades dos Três Poderes.
As declarações do general foram noticiadas pela CartaCapital e ocorrem em meio a um cenário delicado para as Forças Armadas, às vésperas do julgamento de novos militares acusados de envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022.
“Nossa fortaleza, como instituição de Estado integralmente devotada à missão constitucional, decorre da imparcialidade e do profissionalismo que sempre devem caracterizar nossas ações”, declarou Paiva, diante de uma plateia que incluía o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Marcos Amaro, e o chanceler Mauro Vieira.
O evento também reuniu nomes ligados ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva e o ex-vice-presidente da República Hamilton Mourão, hoje senador pelo Republicanos do Rio Grande do Sul.
Durante o discurso, o comandante fez um apelo velado por mais investimentos na área da Defesa, destacando o aumento global nos orçamentos militares e a necessidade de o Brasil acompanhar esse movimento:
“Os investimentos em defesa vêm crescendo exponencialmente em todas as regiões do globo, uma realidade que sugere ao nosso País atenção redobrada em relação à proteção dos brasileiros e dos ativos consagrados pela Constituição.”
Segundo ele, o preparo das Forças deve considerar não apenas ameaças convencionais, mas também novos desafios:
“A defesa nacional precisa estar preparada para enfrentar ameaças híbridas, difusas e multidimensionais, que não se manifestam claramente como os conflitos convencionais do passado.”
A cerimônia ocorreu em um momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) aprofunda as investigações sobre o envolvimento de militares na tentativa de ruptura institucional após as eleições de 2022. Já foram tornados réus o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e os generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Mais integrantes das Forças Armadas devem ser denunciados nas próximas semanas.
A presença de Lula no evento, ao lado da alta cúpula militar e de antigos aliados de Bolsonaro, foi vista como um gesto simbólico em meio aos esforços do governo para pacificar a relação com os quartéis e reafirmar a autoridade civil sobre os militares.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/comandante-do-exercito-defende-instituicao-imparcial-e-patriota-ao-lado-de-lula/