A Páscoa no Brasil é uma data marcada por significados profundos, celebrações religiosas e tradições que unem famílias e amigos. Seja pelo aspecto espiritual ou pelas delícias típicas da data, como os ovos de chocolate, a Páscoa é um momento de renovação, solidariedade e união. Mas, afinal, qual o significado dessa data?
A palavra “Páscoa” vem do hebraico Pessach, que significa “passagem”. No Judaísmo, essa passagem representa a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito. Já para os cristãos, a Páscoa simboliza a ressurreição de Jesus Cristo, três dias após sua crucificação, sendo o momento mais importante do calendário cristão.
Ou seja, mesmo com origens diferentes, o sentido central da Páscoa em ambas as tradições está ligado à renovação, libertação e esperança.
O que é a Semana Santa?
A Semana Santa antecede o Domingo de Páscoa e é um período de grande significado para os cristãos. Começa no Domingo de Ramos, que relembra a entrada de Jesus em Jerusalém, e segue com momentos marcantes como a Última Ceia (na Quinta-feira Santa), a crucificação (na Sexta-feira da Paixão) e a ressurreição (no Domingo de Páscoa).
Durante essa semana, muitos fiéis participam de missas, procissões e encenações da Paixão de Cristo. É um período de reflexão, fé e recolhimento espiritual.
Quais são os alimentos mais consumidos na Páscoa?
A Quaresma é um período de 40 dias que antecede a Páscoa, começando na Quarta-feira de Cinzas e terminando no Domingo de Ramos (que dá início à Semana Santa). É um tempo de reflexão, penitência, jejum e preparação espiritual para os cristãos, especialmente os católicos, e impacta diretamente o setor de alimentos.
O número 40 tem um forte simbolismo na Bíblia — representa o tempo que Jesus passou no deserto em jejum e oração, enfrentando tentações antes de iniciar sua vida pública.
O que se come na Quaresma?
Durante a Quaresma, muitos fiéis adotam práticas alimentares mais simples e restritas, como forma de sacrifício simbólico. Vamos entender melhor:
❌ Alimentos que Devem Ser Evitados
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Carne vermelha: especialmente às sextas-feiras da Quaresma e na Sexta-feira Santa, os católicos são incentivados a não consumir carne vermelha ou carne de animais de sangue quente.
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Excessos alimentares: além da carne, também se recomenda evitar exageros, refeições luxuosas ou supérfluas, como parte do jejum e da moderação.
✅ Alimentos Permitidos (e Comuns Durante a Quaresma)
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Peixes: como não são considerados “carne” segundo a tradição religiosa, os peixes são uma escolha comum, principalmente o bacalhau.
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Frutas, legumes e verduras: alimentos naturais e simples são preferidos durante esse período.
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Ovos e laticínios: em geral, são permitidos — mas algumas pessoas optam por evitá-los em práticas mais rigorosas de jejum.
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Grãos e cereais: arroz, feijão, lentilhas, grão-de-bico e afins são muito usados em substituição às carnes.
O que se come nas diferentes regiões do Brasil?
Especialistas ouvidos pelo CNN Money afirmaram que ovos de chocolate, bacalhau, salmão, azeite de oliva, azeitonas, vinhos e batata estão entre os alimentos mais consumidos no período da Páscoa. Mas quais são os pratos típicos nas diferentes regiões do Brasil?
Sul
Marcado pela influência de descendentes e imigrantes ucranianos, o Paraná se destaca pela tradicional Paska, um pão artesanal preparado em família aos domingos.
Já no Rio Grande do Sul, é servida a Cuca, um doce alemão tradicionalmente feito em três camadas: a primeira, uma massa; a segunda, com frutas da estação; e a terceira, com farofa crocante.
Sudeste
A data movimenta a economia do sudeste com os famosos ovos de chocolate, que ficaram 9,5% mais caros em 2025, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Além do doce, cada estado da região costuma ter um prato típico específico. No caso de São Paulo, a população consome muito a bacalhoada. Já a moqueca capixaba é uma tradição das ceias no Espírito Santo.
No estado do Rio de Janeiro, a canjica de milho branco é uma das sobremesas tradicionais que costumam aparecer nas mesas durante a Semana Santa e o Domingo de Páscoa, especialmente em famílias que mantêm vivas as tradições regionais e afro-brasileiras. Uma curiosidade interessante é que essa receita carrega fortes influências da cultura africana e das religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda.
Na tradição afro-brasileira, a canjica branca sem temperos (sem açúcar, canela ou coco) é frequentemente utilizada como oferenda para Oxalá, considerado o orixá da criação, da paz e da espiritualidade. No sincretismo religioso — bastante presente no Brasil —, Oxalá é associado a Jesus Cristo, especialmente na figura do Cristo sofredor e compassivo.
Centro-Oeste
Na culinária do Centro-Oeste, pratos como a sopa paraguaia, um bolo salgado, as chipas, parecidas com pães de queijo, e peixes de água doce complementam a refeição pascal.
Outra receita bastante consumida nesta época é o tradicional pacu assado. Durante a temporada especial CNN Viagem & Gastronomia: Sabores do Brasil, a jornalista Daniela Filomeno provou o prato da chef Magda Moraes, do Aipim Restaurante.
Na ocasião, Magda preparou um pacu assado na folha da bananeira, recheado com farofa de banana da terra. Como acompanhamento, arroz de guariroba e pirão.
“A cozinha pantaneira é uma pluralidade. É uma maneira de experimentarmos a vivência das pessoas do Pantanal, sendo o retrato do homem pantaneiro”, disse a chef sobre a culinária da região.
Norte
Na região Norte, a Páscoa ganha um toque amazônico, com pratos típicos que substituem o bacalhau por ingredientes locais.
O tambaqui e o pirarucu são os protagonistas da ceia pascal, acompanhados de preparos à base de tucupi e jambu. Além disso, comunidades indígenas incorporam rituais próprios e ancestrais à celebração.
Nordeste
O Nordeste é palco de algumas das mais grandiosas encenações da Paixão de Cristo no Brasil. Na gastronomia, o quibebe, um tipo de purê de abóbora, é um prato consumido na Sexta-feira Santa em muitos estados.
Mas não acaba por aí: o arroz de coco, cozido com leite, é prato obrigatório nas ceias da região e, principalmente, na Bahia. O feijão de coco, servido com caldo grosso, também é destaque na gastronomia pascoal do Nordeste.
Mesmo assim, o peixe continua nos holofotes da região, destacando a moqueca feita com azeite de dendê, posta de tilápia, cebola roxa picada e pimenta-de-cheiro, segundo o Ministério do Turismo.
Definitivamente, a Páscoa é mais do que chocolate e feriado. É uma celebração com raízes profundas na história da humanidade, que fala sobre fé, libertação, renascimento e união. No Brasil, ela é vivida de forma única, misturando religiosidade, tradição e aquele toque acolhedor da nossa cultura.
Como harmonizar vinhos com pratos típicos da Páscoa?
O vinho também é um produto muito procurado durante a Páscoa. Como as receitas costumam ser feitas à base de peixes e frutos do mar — além dos doces —, é necessário tomar cuidado na hora da harmonização dos rótulos.
O colunista Stêvao Limana indica harmonizar o bacalhau, um dos pratos mais típicos nas mesas da Páscoa, com um vinho bastante ácido para contrapor com a gordura. Boas opções são espumantes com baixo teor de açúcar, chamados de Blanc de Noir.
*Com informações de Daniela Filomeno, Stêvão Limana, Gisele Farias, Marien Ramos, da CNN, e Bárbara Carvalho, colaboradora da CNN
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Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/viagemegastronomia/gastronomia/o-que-e-a-pascoa-conheca-seu-significado-e-os-pratos-tipicos-da-data/