Uma grave crise política se instalou na Rede Sustentabilidade após a vitória do grupo liderado por Heloísa Helena no congresso nacional do partido. De acordo com reportagem do UOL, aliados da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, avaliam deixar a legenda após a derrota interna, considerada “arbitrária” e “desrespeitosa” por integrantes de sua ala.
O racha se acentuou com a eleição de Paulo Lamac como novo porta-voz nacional da Rede. Ele venceu com 73,5% dos votos, em um processo que o grupo de Marina alega ter sido fraudulento. A Justiça, no entanto, rejeitou os pedidos para suspender o congresso. “Cada vez que não se reconhece, num processo democrático, a vitória dos adversários, a gente flerta com regimes autoritários”, afirmou Lamac ao UOL, criticando os questionamentos da ala rival.
Apesar da tensão, Marina Silva ainda não oficializou sua saída. Em nota, seu grupo declarou: “Não tem nenhuma confirmação de saída de ninguém da Rede”. Contudo, a possibilidade de desfiliação preocupa integrantes do partido, uma vez que Marina é vista como liderança central capaz de aglutinar quadros importantes da legenda.
PSB demonstra interesse em filiar Marina e seu grupo político
Aliados próximos da ministra afirmam que, caso as ações judiciais em curso não revertam o resultado, a permanência dela e de parlamentares do seu grupo se tornará “insustentável”. Nos bastidores, Marina e seus aliados já vêm sendo cortejados por outras siglas, como o PSB, de Geraldo Alckmin, do qual Marina já fez parte e pelo qual disputou a Presidência da República em 2014.
Segundo o deputado estadual Caio França (PSB-SP), as portas estão abertas para Marina e também para a deputada estadual Marina Helou, que integra seu núcleo político. “O convite para Helou é antigo”, disse França, frisando, porém, que não pretende avançar nas conversas neste momento, “em respeito à amizade que tenho com elas”.
Túlio Gadelho pode ir para o PDT
O possível êxodo pode atingir também outros nomes influentes da Rede. O deputado federal Túlio Gadelha (PE), que mantém relação conflituosa com Heloísa Helena, é apontado como possível novo filiado do PDT. Já em São Paulo, as parlamentares Marina Helou e Marina Bragante indicam que sua permanência no partido dependerá do rumo tomado por Marina Silva. “A gente tem reavaliado a nossa participação”, declarou Bragante, para quem o clima após o congresso tornou a permanência mais difícil.
O novo comando da Rede, no entanto, minimiza os impactos da crise. “Se saírem, vou lamentar”, afirmou Lamac, que defende que divergências são naturais na democracia. Ele prometeu trabalhar pela unidade da legenda até 2026: “Vamos fazer de tudo para manter os nossos”.
O controle sobre o fundo partidário é outro ponto de discórdia. Marina Helou criticou a forma como os recursos foram distribuídos em 2022, acusando o grupo vencedor de concentrar as verbas. “Éramos 48% da executiva e ficamos com só 38% do fundo”, reclamou. Lamac negou tratamento desigual e afirmou que a divisão segue debate interno.
Enquanto a disputa jurídica e política se desenrola, o futuro da Rede Sustentabilidade — e de sua principal liderança, Marina Silva — permanece em aberto. Para muitos aliados, a exclusão no processo eleitoral interno pode ser prenúncio de um afastamento ainda maior nas eleições de 2026. Como resumiu o deputado estadual Chió (Rede-PB): “O que a gente teme é que, se somos excluídos hoje, seremos excluídos também na eleição de 2026?”.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/marina-silva-e-aliados-cogitam-saida-da-rede-apos-derrota-para-grupo-de-heloisa-helena/