Servidores do judiciário de SP aprovam greve em maio por reajuste salarial

Os servidores do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decidiram paralisar as atividades, a partir de 14 de maio, por aumento na proposta de reajuste salarial de 5%, que foi anunciado no início de abril.

Os servidores afirmam que a defasagem acumulada nos salários da categoria desde 2002 já chega a 30%, enquanto os magistrados não sofreram nenhuma perda salarial, por isso reivindicam reajuste de 30%.

Em carta aberta, a Associação dos Servidores do TJSP (Assetj) afirma que o poder aquisitivo dos servidores “foi reduzido em um terço”. “Muitos de nós estamos endividados”, diz o texto.

A carta diz ainda que há falta de uma Mesa de Negociação efetiva entre o TJ e os representantes dos servidores. A categoria também reclama da falta de concursos públicos para suprir a demanda necessária no judiciário. “Com mais de 10 mil cargos vagos, prejudica o atendimento à população”, afirmou a associação.

De acordo com a entidade, a diferença de tratamento sobre a remuneração dos servidores e dos recursos do orçamento do TJ destinados aos magistrados “é abissal”.

No início de abril, logo depois que foi anunciado que o reajuste seria de 5%, cerca de 600 servidores paralisaram as atividades e protestaram em uma assembleia geral na Praça João Mendes (SP), contra a política salarial do TJ. Nessa assembleia ficou acertada a greve a partir de 14 de maio, caso não haja uma contraproposta do Tribunal.

“Há anos que estamos com essa defasagem. Trabalhamos por 12 meses, mas ganhamos por nove”, afirmou José Gozze, presidente da Assetj. “Não pode ter esse desnível entre o salário e reposição deles e o nosso. Não ficamos desconfortáveis por causa dos altos salários, mas em razão da reposição que eles têm, e dos benefícios”, disse ele.

As “benesses” aos magistrados além dos altos salários também incomoda a categoria. Segundo uma reportagem da Folha de São Paulo, Somente de janeiro a março de 2025, os magistrados paulistas receberam mais de R$ 689,4 milhões além dos salários regulares. “Não é ilegal, mas é antiético”, afirma Gozze.