Mais de 70% dos brasileiros que têm conhecimento do caso envolvendo Débora Rodrigues dos Santos consideram injusta a pena de 14 anos de prisão determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A informação é de levantamento realizado pelo instituto Paraná Pesquisas, divulgado pela Coluna do Estadão.
Débora, cabeleireira que virou símbolo de parte do movimento bolsonarista, foi condenada por ter pichado a frase “Perdeu, mané” na estátua da Justiça, em frente ao Supremo Tribunal Federal, durante os ataques de 8 de janeiro de 2023. A pesquisa apontou que 58,5% dos entrevistados afirmaram conhecer o episódio e, entre eles, 70,8% disseram considerar “injusta” a pena de 14 anos de prisão. Outros 25,7% avaliaram a sentença como justa, enquanto 3,6% não souberam ou preferiram não opinar. O levantamento tem índice de confiança de 95% e margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
A condenação de Débora gerou divisão dentro da própria Corte. A maioria da Primeira Turma — formada pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cármen Lúcia — votou a favor da pena de 14 anos. Já os ministros Luiz Fux e Cristiano Zanin discordaram parcialmente: Fux defendeu uma pena mais branda, de um ano e seis meses, e Zanin sugeriu 11 anos de reclusão.
Com forte apoio do bolsonarismo, Débora passou a ser considerada um símbolo da mobilização pela anistia dos condenados pelos atos de 8 de janeiro. Grupos políticos articulam no Congresso um projeto de lei para anistiar todos os envolvidos nos ataques aos prédios dos Três Poderes.
O levantamento do Paraná Pesquisas também sondou a percepção dos brasileiros sobre o desfecho jurídico dos envolvidos no 8 de janeiro. Segundo os dados, 32,8% consideram que os participantes dos atos já cumpriram tempo suficiente de prisão e deveriam ser liberados. Outros 31,8% defendem que os condenados permaneçam presos por mais 15 anos. Para 29,1%, as prisões são injustificadas, uma vez que ocupações anteriores de prédios públicos não resultaram em detenções. Apenas 6,3% não souberam ou não quiseram responder.
Ao serem questionados sobre como interpretam o episódio de 8 de janeiro, os entrevistados apresentaram opiniões divididas: 35,9% classificaram o ataque como um “ato irresponsável por não concordar com o resultado da eleição”, 29,5% entenderam como uma “tentativa de golpe de Estado para tomar o poder”, e 27,9% o caracterizaram como “vandalismo e quebra-quebra”. Outros 6,7% preferiram não opinar.
A imagem da cabeleireira circulou amplamente nas redes sociais e na imprensa após o episódio, com uma fotografia na qual ela aparece pichando a estátua da Justiça usando batom vermelho. A foto, feita por Joédson Alves, da Agência Brasil, tornou-se emblemática para ambos os lados do debate político.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/maioria-dos-brasileiros-que-conhecem-o-caso-da-pichadora-do-stf-consideram-injusta-a-pena-de-14-anos-para-debora/