O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cogita nomear o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a Secretaria-Geral da Presidência, em uma articulação que busca reforçar os laços do governo com os movimentos sociais e com a ala mais à esquerda da base parlamentar. A informação foi publicada pelo Estadão nesta terça-feira (6).
Segundo o jornal, Boulos demonstrou disposição para abrir mão da reeleição à Câmara dos Deputados em 2026 caso o convite se concretize. A movimentação, no entanto, depende do desenho final da reforma ministerial que o governo estuda para reacomodar aliados e fortalecer sua base, hoje sob tensão com a saída de partidos como o PDT da coalizão.
A escolha de Boulos para um cargo estratégico no Palácio do Planalto atende a dois objetivos simultâneos: consolidar uma ponte entre Lula e os movimentos populares – campo em que o deputado tem sólida trajetória – e reforçar a imagem do governo junto a setores progressistas descontentes com concessões feitas ao centrão.
A Secretaria-Geral é uma das pastas com mais acesso ao núcleo do governo, e atualmente está sob o comando de Márcio Macêdo (PT-SE), um dos vice-presidentes do partido e nome de confiança de Lula. A eventual saída de Macêdo ainda não foi confirmada, mas fontes ouvidas pelo Estadão apontam que ele poderia ser realocado dentro do governo, mantendo-se próximo do presidente.
Nem o Palácio do Planalto nem o deputado Guilherme Boulos se pronunciaram oficialmente até a publicação da reportagem.
O gesto de Boulos é interpretado como um sinal de compromisso com o projeto político liderado por Lula. Apesar de estar entre os favoritos na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2024, o deputado desistiu da candidatura em favor de uma aliança com o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), apoiado pelo Planalto, como parte de um acordo nacional com o MDB.
A movimentação pode representar, também, um reposicionamento estratégico do PSOL dentro da base aliada. Embora o partido mantenha críticas pontuais ao governo, Boulos é uma das lideranças mais próximas do presidente e tem atuado em votações decisivas no Congresso em defesa das pautas do Executivo.
Com uma base parlamentar fragmentada e sob desgaste diante de partidos que passaram à oposição, Lula aposta na reconfiguração de seu ministério como forma de estancar a sangria política e retomar a articulação com setores historicamente aliados, como os movimentos sociais urbanos e rurais.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-avalia-nomear-boulos-para-o-planalto-em-estrategia-de-aproximacao-com-movimentos-sociais/