O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) comunicou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que está disposto a não disputar as eleições de 2026 em troca de um cargo no primeiro escalão do governo federal. A informação foi revelada pela coluna de Igor Gadelha, do portal Metrópoles. Boulos é o principal nome cotado para substituir Márcio Macedo (PT) à frente da Secretaria-Geral da Presidência da República, ministério com sede no Palácio do Planalto.
Segundo interlocutores próximos ao presidente, Lula gostaria que Boulos permanecesse no governo até o fim do atual mandato, em 2026. Isso significa que o deputado, caso aceite o cargo, deverá se comprometer a não concorrer a nenhum posto eletivo no pleito do próximo ano. Pela legislação eleitoral, ministros que pretendem disputar eleições precisam se desincompatibilizar até abril de 2026.
A eventual entrada de Boulos no governo, no entanto, provocou reações negativas dentro da base aliada. Integrantes do PT e do Centrão demonstraram incômodo com a possibilidade de o líder do MTST assumir um posto estratégico dentro do Planalto. Para esses setores, Lula estaria oferecendo visibilidade e poder político a um aliado que, até pouco tempo atrás, era um adversário eleitoral do PT nas disputas municipais, especialmente em São Paulo.
De acordo com aliados do presidente, a nomeação seria uma forma de “resgatar” Boulos politicamente após sua derrota na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2024, quando teve apoio direto de Lula. A avaliação, porém, é que sua entrada no ministério pode aprofundar divisões entre os movimentos sociais ligados ao governo.
Nos bastidores, Boulos já iniciou movimentos para preparar sua base política. Durante a última semana, ele orientou interlocutores a comunicar integrantes do PSOL sobre sua possível nomeação. A advogada e dirigente do MTST, Natalia Szermeta, foi uma das responsáveis por sondar a reação do partido. Ainda segundo a coluna, a nomeação de Boulos poderá ocorrer logo após o retorno de Lula de Montevidéu, onde o presidente participa das cerimônias fúnebres do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica.
Embora o nome de Boulos gere ruído em parte da base governista, o gesto do deputado em sinalizar fidelidade à gestão Lula ao abrir mão de disputar 2026 pode pesar a seu favor na decisão final do presidente. Resta saber se a estratégia terá apoio suficiente para se consolidar sem provocar novos atritos na coalizão.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/boulos-sinaliza-a-lula-que-abre-mao-de-2026-para-assumir-ministerio-no-planalto/