Milei dificulta a vida de brasileiros e impõe pagamento em universidades argentinas

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Brasileiros que estudam gratuitamente na Argentina, especialmente em cursos de Medicina, terão que pagar por mensalidades e atendimento de saúde após decreto de Milei

Uma medida anunciada hoje pelo presidente da Argentina, Javier Milei, deixou em alvoroço milhares de brasileiros que frequentam as universidades públicas daquele país, que agora terão que pagar matrículas e mensalidades e haverão, também, de custear as suas despesas com serviços de saúde.

A medida pega em  cheio milhares de brasileiros, muito especialmente estudantes de cursos de Medicina, que segundo os dados mais recentes, passam de 20 mil. Essa drástica notícia não parece ser bem uma novidade aos brasileiros que frequentem o ensino universitário público no país vizinho, pois desde novembro de ano passado Javier Milei vem fazendo ameaças, com foco inicialmente nos estudantes de Medicina, que o presidente não desejava que continuassem nas condições atuais de frequência gratuita.

Num comunicado publicado pelo gabinete de Milei nas fredes sociais, a Presidência da República Argentina elenca os principais pontos do decreto assinado, pontuando as principais mudanças que vão agora ocorrer.

No documento, o governo Milei afirma que os fundos financeiros públicos serão utilizados para garantir gastos com os contribuintes do país, caso que deixa de fora os estudantes brasileiros.

O documento adverte que embora a “Argentina, desde suas origens, sempre foi um país aberto ao mundo”, “não justifica que as  facilidades extremas que até esta data existiram para entrar na Argentina fizeram com que, nos últimos 20 anos, 1,7 milhões de estrangeiros imigrassem de forma irregular nosso teritório.”

Conforme é dito no documento, apenas em 2024, o atendimento médico a estrangeiros em hospitais nacionais implicou um gasto de 114 bilhões de pesos, o equivalente a R$ 57 milhões. Por conta disso, a Argentina, além de dificultar a presença gratuita de estudantes em universidades, vai exigir o pagamento pelos serviços de saúde prestados a residentes transitórios, temporários e irregulares, tornando-se agora necessária a apresentação de um seguro médico para turistas que estejam viajando pelo país.

No final das contas, não apenas os estudantes universitários, mas os brasileiros em geral que pretederam residir na Argentina ou para lá forem na condição de turistas, serão duramente afetados pelas medidas de ontem, que, segundo o governo, “visam garantir a sustentabilidade do sistema público de saúde, deixando de ser um centrro de benefício financiado pelos cidadãos argentinos.”

O número de estudantes brasileiros de Medicina quintuplicou nos últimos sete anos, conforme levantamento divulgdo pelo governo argentino no final do ano passado, e aumentou muito em relação a outros cursos. Só em Medicina, o total de alunos brasileiros frequentando essas universidades pulou de 4 mil em 2015, para  mais de 20 mil ao final de 2022.

Os brasileiros são atraídos pela ausência de vestibular, pelas vagas ilimitadas, pela boa qualidade da educação, além de viverem em cidades muito agradáveis, de boa qualidade de vida e boas estruturas públicas, como Buenos Aires, a capital.

O que se observa neste momento é que Javier Milei está seguindo os passos do presidente norte-americano Donald Trump, que tem se esforçado para mandar embora imigrantes considerados “não legalizados” pelo governo, uma atitude que tem ido de encontro a diversas universidades do país, como a de Harward, e retirando dinheiro, em elevados volumes, de outros centros acadêmicos e cortado recursos destinados a pesquisas científicas, afetando dramaticamente as relações de cooperação com outros países do mundo.

Ao que parece, a cartilha da direita extremada seguirá sendo aplicada com intensidade.