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Nem sempre foi assim, as pistolas 9mm eram tão restritas que, em passado anterior a 2019, somente a Polícia Federal e os militares de forças superiores tinham acesso
Quando assumir o controle brasileiro sobre armas e munições, em 1º de julho deste ano, conforme a última determinação do Presidente Lula tomada há uma semana, a Polícia Federal vai se defrontar com uma realidade alarmante: o número de pistolas 9mm, que até 2019 era de uso exclusivo das Forças Armadas, tornou-se o instrumento mortal mais popular no país, alcançando a marca de 643.195 unidades nas mãos de pessoas do povo e em poder dos Clubes de Tiro, que viraram uma febre por todos os cantos da nação. Essa quantidade de pistolas 9mm em poder de populares já representa 28% de todo o armamento liberado no país.
Ao lado da quebra do porte e uso das pistolas 9mm, acabando com algo que era exclusivo das forças de segurança, cresceu junto delas uma outra arma de grande poder ofensivo, as pistolas 380, consideradas de defesa pessoal, que já são hoje 428.682 unidades, que se somadas às 643.195 das 9mm chegam à metade de todo o armamento do país. As pistolas 9mm eram tão restritas que, em passado anterior a 2019, somente a Polícia Federal e os militares de forças superiores tinham acesso, negando-se o uso por outras forças de segurança.
Contrariamente ao que se registra quanto às pistolas de maior alcance e poder mortal, os revólveres de 32 e 38 mm, que eram até os anos 2018 as armas mais comuns em uso pela população, têm hoje liberação modesta, totalizando 272.691 para as de 38mm e apenas 30.789 para os revolveres 32 mm.
Controladas pelo Exército até este momento, essa movimentação de armas pelas mãos de populares e CACs, as pistolas passaram, a ter acesso fácil a partir de medidas (via decretos) assinadas pelo ex-presidente da República, que quebraram a exclusividade de uso pelas forças de segurança e permitiram que qualquer pessoa adulta possa ter posse desses armamentos.
Essa facilitação impulsionou nas pessoas o desejo de possuí-las. O primeiro ponto de estímulo, além do liberou geral, é que as pistolas 9mm, 40 e 45 mm têm um fator importantíssimo que é a capacidade de munições em um carregador, com a de 9mm tendo capacidade de armazenar mais balas. As diferenças entre estas e as de 380 mm são pouquíssimas. Daí a preferência nacional pelas duas.
Para se ter uma ideia do quanto a utilização das pistolas 9mm e 380 mm representam para o aumento da violência e da criminalidade, em 2018, só 11 armas 99 mm foram apreendidas, roubadas, furtadas ou perdidas por seus donos, contra, nesse mesmo período, 1.176 revólveres 38. Já em 2024, a apreensão de pitolas 9mm chegou ao limite de 1.377 unidades, encontradas todas elas nas mãos de criminosos.
Esse afrouxamento irresponsável fez a pisto 9mm crescer tanto no mercado legal quanto, sobretudo, no submundo do crime, das organizações criminosas.
A pistola 9mm é cobiçada pela bandidagem por seu poder de fogo. Além de possuir pente e não tambor (como nos revólveres), é uma arma que leva menos tempo para ficar pronta para o tiro e tem o dobro de potência da pistola 380. Outro detalhe: o formato da bala é cônica, dando maior poder de penetração, podendo atingir pessoas atrás de obstáculos commais facilidade.
O projétil [de 9mm] tem um grande poder de penetração, então ele transfixa a lataria de um veículo ou a estrutura metálica de um portão com grande facilidade, conforme avalia afirma o perito criminal Bruno Lazzari, presidente do Sindicato dos Peritos Criminais do estado de São Paulo.
O Brasil tem hoje 2,3 milhões de armas nas mãos de brasileiros, sendo 1 milhão com os CACs e 1,3 milhão com pessoas que as adquiriram com a alegação de uso pessoal. Acontece que essas armas, tanto com os CACs quanto às de aquisição pessoal, estão cada vez mais indo parar nas mãos do crime e gerando essa absurda percepção de insegurança junto à população.