Foto: UMES
Nesta terça-feira (17), representantes das centrais sindicais, movimentos sociais e estudantes protestaram contra a alta taxa de juros no país, em frente à sede do Banco Central, na Avenida Paulista, em São Paulo. A mobilização denunciou a sabotagem que vem sendo praticada pelo Banco Central com altas sucessivas da Selic, atualmente em 10,5% ao ano.
Para as entidades, a política de juros altos, somada ao arcabouço fiscal e aos cortes nas áreas sociais, tem sido o principal entrave ao crescimento do país, impedindo a geração de empregos e investimentos em setores essenciais como saúde, educação, moradia e infraestrutura. Nesta quarta (18), o Comitê de Política Monetária do BC (Copom) decidirá novamente se altera ou mantém a taxa.
“Só no ano passado, o governo gastou R$ 924 bilhões com juros. Em 2025 vamos pagar mais de R$ 1 trilhão para os bancos”, afirmou Ubiraci Dantas (Bira), vice-presidente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). “Um crime, porque enquanto o sistema financeiro está com o seu lucro garantido, o que a equipe econômica faz? Ajuste fiscal, corte em benefícios sociais, no BPC, na educação básica”.
“É inaceitável que o setor financeiro continue, ano após ano, batendo recorde de lucro, enquanto na mesa das famílias está diminuindo a comida. Não é possível que bancos cresçam seus lucros, mês após mês, enquanto falta trabalho decente, salário decente, com a população recorrendo ao trabalho informal, precário, para pagar dívida de consignado, de cartão de crédito, para conseguir sustentar sua família. É inadmissível que os inimigos da economia do país sejam os idosos em situação de miséria do BPC, seja o Bolsa Família, e não esses juros absurdos”, afirma Lídia Correa, coordenadora da Campanha Contra a Carestia.
Para Valentina Macedo, presidente da UMES, “quanto mais juro se paga, menos educação a gente tem, menos infraestrutura, menos pesquisa, menos investimento em tecnologia”. “Mas a população, o povo brasileiro segue mobilizado contra esse roubo”, ressalta.
Geraldino Santos, secretário de politica sindical da Força Sindical, também denunciou a “danosa” taxa Selic, ressaltando que o Banco Central não terá sossego, enquanto não reverter essa política que beneficia apenas os especuladores.
Rene Vicente, presidente da CTB-SP, lembrou que “seis brasileiros concentram a mesma riqueza que 100 milhões de pessoas pobres. Uma trabalhadora que ganha um salário mínimo precisa de 19 anos para ganhar o que um super-rico recebe em um mês. […] Ontem mesmo, na Folha de S. Paulo, o ‘Rei do Ovo’ [em referência a Ricardo Faria, dono do Grupo Granja Faria, maior produtora de ovos do Brasil] reclamava dos R$ 600 do Bolsa Família, mas não fala da bolsa bilionária que recebe do Banco Central”, afirmou.

Diretoria da Federação das Mulheres Paulistas (FMP), durante o ato. Foto: FMP
Fonte: https://horadopovo.com.br/juro-alto-e-politica-da-fome-denunciam-manifestantes-em-ato-no-banco-central/