Francisco Cuoco em cena da novela ‘A Vida da Gente’ (2012) – Foto: João Miguel Júnior/Divulgação TV Globo
Faleceu nesta quinta-feira (19) o ator Francisco Cuoco aos 91 anos. A informação foi confirmada pela família do ator que estava internado no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, em decorrência de uma infecção nos rins e problemas de ansiedade. Segundo comunicado da família, a causa da morte do ator foi uma falência múltipla dos órgãos.
O ator nasceu em novembro de 1933 em uma família do Brás, em São Paulo, marcado à época pela presença de trabalhadores de origem italiana na capital paulista e, posteriormente, pela chegada de trabalhadores nordestinos, por volta da década de 1950. Seu primeiro emprego foi como feirante, ajudando o pai. No início dos anos 1950, começou a intercalar essa atividade com o curso da Escola de Arte Dramática, hoje ligada à USP.
O ator estreou profissionalmente no teatro em 1958, ao lado de Fernanda Montenegro e Sérgio Britto (1923-2011), na peça “A Muito Curiosa História da Virtuosa Matrona de Éfeso”, com direção de Alberto D’Aversa.
No mesmo período, trabalhou no teleteatro na TV Tupi e, em 1964, estreou sua primeira novela, “Marcados Pelo Amor”, escrita por Walther Negrão e Roberto Freire e dirigida por Nilton Travesso, na TV Record. Foi um papel importante para que fosse reconhecido como um dos galãs mais populares da televisão brasileira.
Francisco Cuoco fez parte de uma geração que viveu os períodos mais violentos da Ditadura Militar, os quais considerava como “nociva, brutal e desumana”. Em entrevista à Globo, em abril de 2002, afirmou que o regime deixou “sequelas profundas” e que o país estaria melhor se não tivesse passado por esse capítulo.
“Foi brutal, como todo regime de força. Ficamos em choque. Circulávamos com medo daquela tomada militar, daquele regime autoritário. Acredito que isso deixou sequelas profundas — até hoje, a dramaturgia ainda sente a ausência de autores que, naquela época, pararam de escrever. A música passou a usar códigos para transmitir mensagens, porque havia censura, repressão, tortura. Era um tempo de tesoura, pau de arara, prisões arbitrárias. Um regime de força em que pessoas simplesmente desapareceram”, disse à época.
“É claro que o poder econômico ainda comanda muita coisa — coisas com as quais seguimos sem concordar, porque queremos um mundo melhor. Mas a ditadura foi nociva, brutal, desumana. Lembro desse tempo com dor, com pena dos talentos que se perderam, dos livros que deixaram de ser escritos”, afirmou o ator na entrevista.
Cuoco passou pelo teatro, TV e cinema, sendo reconhecido como um dos mais marcantes galãs. Na televisão, atuou em novelas como “Renúncia (1964), já como protagonista; Redenção (1966–1968), Sangue do Meu Sangue (1969), Assim na Terra Como no Céu (1970), Selva de Pedra (1972), Pecado Capital (1975) e O Astro (1977), entre outras. No cinema, destacou-se em produções como Traição (1998), Gêmeas (1999), Um Anjo Trapalhão (2000), Cafundó (2005) e Real Beleza (2015).
Fonte: https://horadopovo.com.br/morre-aos-91-anos-francisco-cuoco-ator-marcante-da-dramaturgia-nacional/