Quadrilha junina de Portalegre mistura elementos de capoeira em coreografia

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Foi por meio da paixão pela dança de quadrilha que o grupo junino Cangaia de Jegue surgiu em 1° de maio de 2022, na cidade de Portalegre, no Alto Oeste potiguar, fundado por Antonio Clebson Bezerra da Silva e Leonardo Cavalcante de Lucena. A primeira apresentação ocorreu durante o São João da Vila daquele ano, com o intuito de resgatar e valorizar a cultura local.

Em três anos de pesquisas e atividades culturais, o grupo se destacou com apresentações focadas em temáticas que refletem a identidade e história do povo de Portalegre. Este ano, a quadrilha apresenta “O Grande Quilombo, Uma Só Força”, obra que resgata a história das quatro comunidades quilombolas do município: Pêga, Arrojado, Sobrado e Laje. Ao unir essas comunidades em um grande quilombo, a Cangaia de Jegue traz para as quadras juninas a luta e a resistência de um povo forte e determinado.

Antonio Clebson, um dos fundadores da Cangaia de Jegue, explica que o tempo de preparo para cada espetáculo junino começa desde janeiro, com a escolha de direção e tema, além de detalhes essenciais para o período de início das inscrições. Ele conta que, este ano, não houve dificuldades na concepção da ideia de misturar elementos de capoeira e quadrilha junina.

“Fizemos uma pesquisa mais aprofundada sobre o nosso tema, onde foi mais fácil porque uma parte dos nossos integrantes é de quilombolas das quatro comunidades, inclusive eu sou um deles. E, conhecendo essa cultura, encontramos a capoeira como um ponto muito forte. Decidi colocá-la para trazer uma introdução associando ao cangaço, e também na introdução da rainha com uma música do Mestre Formiga, que traz a figura Pérola Negra”, disse.

Sobre as primeiras reações do público, Antônio comenta sobre a recepção positiva e a valorização da manifestação cultural. “O público ficou encantado, o povo daqui gosta muito da capoeira. E fazendo essa mistura com o São João foi visto como algo sensacional”, afirmou. O grupo se apresentou no São João da Vila, em Portalegre, no último dia 13.

O fundador também ressalta a importância dessa manifestação para o cenário cultural potiguar, destacando o reconhecimento da arte desde pequenas expressões. “Acreditamos que essa mistura vem falar do quão forte e cultural é a nossa cidade. Em um quesito geral, tanto para o nosso estado quanto para regiões próximas, isso abre caminhos para um misto cultural que aflora sentimentos através da arte desde pequenas manifestações”, frisou.

Antônio Clebson admite que o reconhecimento e valorização de raízes quilombolas ainda são um desafio na sociedade. “O tema deste ano abre caminhos que nós nunca imaginávamos. Falar de negros em uma cidade que, por mais que tenha uma grande representatividade e seja considerada pela gestão um município orgulhosamente negro, ainda somos esquecidos e desvalorizados. Então se torna uma luta e vamos sempre buscar falar e mostrar que a cultura do município tem raízes e muitas vertentes. Estamos buscando falar de nosso lugar e é inevitável falar daquilo que temos e somos”, pontuou.

Rodrigo Araújo é professor de capoeira há mais de nove anos e é um dos responsáveis por ensinar, de forma voluntária, a arte da capoeira na zona urbana e também nas quatro comunidades quilombolas de Portalegre. Ele agradece o destaque para o impacto cultural da capoeira no município. “Encarei como um reconhecimento do meu trabalho no município de Portalegre. Muitos dos integrantes da quadrilha Cangaia de Jegue são meus alunos, então não tiveram dificuldades em elaborar a coreografia com movimentos da nossa arte”, explicou.

A Cangaia de Jegue fortalece sua presença no cenário cultural e histórico de Portalegre. Para o futuro, o grupo destaca que é um prazer levar elementos diferentes em suas apresentações, trabalhando e celebrando uma mescla entre o antigo e o novo.

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Fonte: https://agorarn.com.br/ultimas/quadrilha-junina-mistura-elementos-capoeira/