Confiança do Consumidor recua em junho após 3 meses de alta, aponta FGV Ibre

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil –

Indicador mostra que a queda da confiança só não ocorreu quem ganha acima de R$ 9.600/mês

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) caiu 0,8 ponto em junho, para 85,9 pontos. Em médias móveis trimestrais, o indicador subiu 0,5 p.p., para 85,8 pontos. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (24) pelo FGV Ibre.

“Após três meses em alta, a confiança do consumidor cede em junho, em um movimento de acomodação. O resultado foi influenciado tanto pela revisão das percepções sobre o presente, quanto das expectativas para os próximos meses, e disseminado entre os consumidores, exceto pelo grupo de renda mais alta”, explica Anna Carolina Gouveia, economista do FGV Ibre.

Segundo ela, entre os quesitos que levaram ao recuo da Confiança do Consumidor está o indicador que mede a percepção sobre a situação financeira, “sugerindo que, apesar da resiliência da economia, os consumidores seguem preocupados com o orçamento doméstico, principalmente em um contexto de forte endividamento, inadimplência e alta dos juros”.

Dentro as variáveis, a economista destaca a terceira queda consecutiva do indicador de ímpeto de compras de bens duráveis, “um possível reflexo sobre o consumo da política monetária restritiva”, uma vez que a taxa básica de juros, a Selic, subiu para 15% ao ano no último dia 18 de junho, encarecendo a tomada de crédito e as dívidas. “O indicador segue refletindo um consumidor pessimista”, afirma Anna Caroilna.

Confiança do consumidor abalada pela situação econômica

Como reforça a economista, a queda na Confiança do Consumidor foi impulsionada principalmente pela revisão negativa da avaliação sobre o momento presente. Como efeito disso, o ISA (Índice de Situação Atual) não sustentou a tendência de alta observada nos últimos meses e caiu 1,1 ponto neste mês, atingindo 82,9 pontos. Por sua vez, o IE (Índice de Expectativas) cedeu 0,4 ponto, para 88,7 pontos.

Entre os quesitos que compõem o ISA, o indicador de situação econômica local atual ficou estável ao variar -0,1 ponto, para 93,6 pontos e o indicador de situação financeira atual da família retraiu 2,1 pontos, alcançando 72,5 pontos, respectivamente.

Já entre os quesitos que compõem o IE, os indicadores de situação econômica local futura e de compras previstas de bens duráveis diminuíram 1,2 e 1,1 ponto, para 102,9 e 76,1 pontos.

Na contramão, o indicador de situação financeira futura da família avançou 1,2 ponto, chegando aos 88,6 pontos.

Faixas de renda

A queda na confiança dos consumidores ocorreu em todas as faixas de renda apuradas na sondagem, com exceção da faixa de renda dos consumidores que recebem acima de R$ 9.600,01 por mês.

A sondagem por faixa de renda mostra que:

  • Renda de até R$ 2.100,00, a queda na confiança caiu 1,9 p.p. em junho/25, para 74,3 pontos;
  • Entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800,00, recuo de 0,8 p.p., para 87,4 pontos;
  • Entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600,00, baixa de 2,4 p.p., para 88,6 pontos; e
  • Acima de R$ 9.600,01, alta de 0,9 p.p., para 92,4 pontos.

Para entender o ICC

  • 100 pontos: Nível considerado neutro, em que as expectativas positivas e negativas se equilibram.
  • Acima de 100: Indica otimismo e confiança nos rumos da economia.
  • Abaixo de 100: Indica pessimismo e desconfiança em relação à economia.

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