A transformação digital segue exigindo que empresas e governos adotem infraestruturas cada vez mais robustas e, paradoxalmente, mais invisíveis e flexíveis. Para Antonio Neri, CEO da Hewlett Packard Enterprise (HPE), esse desafio será superado com três pilares fundamentais: nuvem híbrida, inteligência artificial (IA) distribuída e redes autônomas, inteligentes e seguras.
“Estamos entrando em uma nova era. A era da IA demanda uma arquitetura de TI mais inteligente, resiliente e distribuída. E isso só é possível quando combinamos nuvem híbrida, redes de última geração e IA nativa na infraestrutura”, reforçou Neri durante o HPE Discover 2025*, em Las Vegas, nos Estados Unidos.
A visão da HPE para o futuro da computação não é a de uma nuvem única, apontou o executivo, mas sim um ecossistema híbrido, em que cargas de trabalho podem ser executadas onde fizer mais sentido, seja em data centers próprios, nuvens públicas, na borda ou em ambientes altamente regulados.
“A arquitetura de nuvem da última década não serve para a próxima. As empresas precisam de liberdade com controle, de velocidade com governança. A nuvem híbrida é a resposta e para superar esse desafio que o GreenLake [solução da HPE que orquestra estruturas] foi construído desde o primeiro dia.”
Com a plataforma HPE GreenLake, a empresa promete uma experiência de nuvem unificada, capaz de orquestrar ambientes diversos com inteligência e consistência. Segundo Neri, mais de 80% dos clientes corporativos estão reavaliando suas estratégias de nuvem por causa da IA, e o GreenLake está no centro dessa nova demanda.
Com a evolução natural da IA generativa e dos agentes autônomos, a complexidade da gestão de TI também aumentou. Mas, para Neri, essa mesma inteligência pode ser usada para simplificar. “Com a IA, não estamos apenas automatizando tarefas. Estamos mudando o paradigma da operação, de reativa para proativa, de manual para autônoma.”
A HPE, inclusive, aproveitou esse momento para anunciar uma evolução importante na solução, o GreenLake Intelligence, que Neri descreveu como “o início de uma nova era operacional para a tecnologia da informação”. Com a novidade, a empresa adiciona uma camada de inteligência autônoma sobre sua plataforma de nuvem híbrida, que passa a operar com base em IA generativa, raciocínio contextual e agentes inteligentes.
“Estamos ultrapassando os limites da automação tradicional. O GreenLake Intelligence é como ter uma equipe de administradores digitais trabalhando 24/7, com contexto, memória e capacidade de ação. Isso muda completamente a forma como se gerencia TI”, afirmou Neri, durante a apresentação.
A nova solução opera como uma malha distribuída de agentes (agentic AI mesh), que atua em tempo real sobre redes, storage, autenticação, segurança, aplicações e outros domínios. Treinados com mais de 3 trilhões de parâmetros de dados reais da HPE, capazes de, por exemplo, detectar anomalias e eventos críticos antes que causem impacto, analisar causas-raiz e simular possíveis cenários, e interagir com operadores humanos por meio de uma interface de copiloto baseada em linguagem natural.
Segundo a HPE, esse é o próximo passo na jornada de adoção de IA corporativa. Efetivamente, sair da análise preditiva para a ação autônoma baseada em raciocínio.
A proposta, portanto, é usar o GreenLake Intelligence como motor de transformação para toda a infraestrutura híbrida, incluindo computação, armazenamento e proteção de dados. Além da integração com Aruba, os próximos ciclos de produto devem levar os agentes também ao Zerto, Alletra, Morpheus e outros componentes do ecossistema.
“Não é mais suficiente monitorar ou prever. É preciso agir, coordenar e aprender. Estamos entregando uma TI que pensa, aprende e executa, sempre com o humano no comando, mas com velocidade e precisão que só a IA permite”, reafirmou o CEO.
Papel das redes
Neri também dedicou parte de seu discurso ao papel crucial das redes, especialmente em um mundo em que os dados são massivos, os modelos de IA são distribuídos e a latência precisa ser mínima. “A rede não é mais infraestrutura de suporte. É parte da estratégia de negócios”, disse.
Foi nesse contexto que o executivo pincelou alguns dos próximos passos da aquisição da Juniper Networks, movimento considerado decisivo para consolidar a empresa como líder em redes orientadas por IA.
“Com a Juniper, vamos acelerar nossa visão de redes inteligentes, seguras e automatizadas. Levaremos o que já fazemos com a Aruba a um novo patamar, conectando desde escritórios e fábricas até grandes data centers e ambientes de computação de alto desempenho.”
De acordo com o executivo, a sinergia entre as tecnologias da Aruba, Juniper e HPE permitirá criar uma malha de conectividade capaz de suportar cargas de trabalhos sensíveis de IA, federar dados entre regiões e operar com inteligência embutida, seja para otimizar tráfego, prevenir falhas ou identificar ameaças.
TI como diferencial competitivo
Para Neri, o momento atual é histórico. Segundo ele, empresas estão diante da oportunidade de transformar a TI de um centro de custo para um motor de inovação e vantagem competitiva.
“O que diferencia as empresas mais bem-sucedidas hoje não é apenas a tecnologia que elas usam, mas como elas operam essa tecnologia. A infraestrutura não pode mais ser invisível. Ela precisa ser inteligente, adaptável e estratégica.”
Por isso, reforçou, que, ao combinar nuvem híbrida, IA e redes de próxima geração, a HPE se posiciona como uma das arquitetas da nova era da computação. E, para Neri, essa não é apenas uma missão corporativa passageira, mas um compromisso com o futuro. “Fazemos o que importa para que nossos clientes possam alcançar o que antes era impossível”, finalizou.
“Infraestrutura voltou a ser cool”
Para Neri, a infraestrutura é parte fundamental da construção de futuro. “A infraestrutura nunca deixou de ser importante. O que mudou foi a forma como ela passou a ser consumida, com a popularização da nuvem pública”, afirmou Neri em resposta à pergunta feita pelo IT Forum, durante coletiva no HPE Discover 2025, em Las Vegas. “Infraestrutura voltou a ser cool”, brincou.
Segundo ele, a TI continua sendo a espinha dorsal de qualquer empresa moderna, e cabe aos CIOs assumirem o papel de orquestradores de serviços, o que inclui entender quando e como implementar infraestrutura para viabilizar novos modelos de negócio com eficiência e sustentabilidade. “Toda empresa é, no fim das contas, uma empresa de tecnologia. E os CIOs precisam saber atuar como brokers de serviços, inclusive decidindo onde e quando a infraestrutura é essencial para um propósito específico”, completou.
Neri destacou ainda que a HPE não se limita mais a ser uma fornecedora de hardware. “Somos também uma empresa de software que torna essa infraestrutura inteligente e autônoma, cobrindo desde rede e nuvem até servidores, armazenamento e cloud privada. E fazemos isso de maneira simples, com gerenciamento de ciclo de vida integrado e segurança embutida.” Para o executivo, a nova geração de CIOs precisa, mais do que nunca, dominar esse arcabouço para liderar com impacto na era da IA.
*A jornalista viajou a convite da HPE
Fonte: https://itforum.com.br/noticias/ti-futuro-hibrida-inteligente-ceo-hpe/