Enquanto o setor privado brasileiro já mobilizou R$ 85 bilhões de investimentos em inteligência artificial, o setor público prevê aportar R$ 23 bilhões até 2028 — montante 217 vezes menor que o dos EUA e o da China, que preveem aportes de aproximadamente US$ 1 trilhão até 2029. Os dados fazem parte do estudo Posicionamento do Brasil no uso de Inteligência Artificial, divulgado recentemente pela Gröwnt (antiga GT Group).
Para a empresa, essa diferença “expõe um gargalo crítico”: falta uma estratégia nacional integrada para a IA, e o País corre o risco de ficar ainda mais defasado tecnologicamente, comprometendo a competitividade do País no mundo. Atualmente, o país soma R$ 108 bilhões em investimentos públicos e privados, com 78% advindo da iniciativa privada.
O Brasil ocupa a 34ª posição no ranking de maturidade da IA da Universidade de Stanford e está em 30º no índice da Tortoise Media, que avalia inovação e investimento em IA. EUA, China e Singapura lideram esses rankings, diz a Gröwnt.
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Embora existam mecanismos e órgãos de incentivo no Brasil, como a Lei do Bem, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finpe), esses instrumentos ainda enfrentam “entraves como baixa adesão, pouca divulgação e dificuldades de acesso”, diz a consultoria.
“O grande desafio é transformar iniciativas isoladas em impacto nacional, com políticas públicas robustas e investimentos que possam democratizar o acesso à tecnologia em todo o território. Sem decisões firmes e urgentes, o País está condenado a ocupar a retaguarda da nova era tecnológica”, diz em comunicado Rodrigo Moro, head de inteligência e inovação da Gröwnt.
Para a consultoria, a consolidação do Brasil como potência em IA passa por atuação coordenada entre governo, iniciativa privada e instituições acadêmicas. Além de aumentar os investimentos públicos, o País “precisa acelerar a criação de políticas que estimulem inovação, formação de talentos e expansão da infraestrutura digital em todo o território nacional”.
Infraestrutura é gargalo
O estudo também identificou que a infraestrutura digital no Brasil é precária, principalmente fora do eixo Sul-Sudeste. Além disso, a escassez de talentos e a baixa diversidade regional e social dificultam a construção de um ecossistema competitivo. A fuga de cérebros e a dificuldade em reter profissionais especializados são destacadas como críticas.
“Para transformar o Brasil em um protagonista em IA, é fundamental que as empresas ampliem o acesso à conectividade de qualidade, investindo em formação contínua e criando condições reais para reter talentos. Só assim conseguiremos descentralizar a inovação e construir um futuro mais competitivo, inclusivo e inteligente”, diz Moro.
Apesar das barreiras, o estudo também identifica exemplos pontuais de eficiência do uso de IA em diversos setores. Empresas como Alcoa e União Química adotam a tecnologia para manutenção preditiva e análise de crédito. No setor de seguros, Bradesco Seguros e a startup IARIS utilizam IA para automatizar a análise de risco e as vistorias veiculares.
No agronegócio, Embratel e Jacto usam drones, automação e sensores inteligentes. Healthtechs e agtechs vêm transformando modelos de negócio e ganhando escala com o apoio da IA.
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Fonte: https://itforum.com.br/noticias/ia-brasil-investimentos-privado/