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Relatório da Oxfam revela que a riqueza do 1% mais rico poderia acabar com a pobreza extrema mundial 22 vezes. Entenda a desigualdade global
Um relatório da Oxfam, que hoje chega ao nosso conhecimento, traz outra vez uma revelação espantosa: a fortuna dos integrantes do grupo formado pelo 1% mais ricos do planeta cresceu mais de US$ 33,9 trilhões entre 2015 e 2022 (em sete anos, portanto), atingindo valores que dariam para acabar com a pobreza extrema anual do mundo, por pelo menos 22 vezes.
A Oxfam é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos e independente, que acompanha a situação de injustiças e desigualdades mundiais, focada em justiça rural e desenvolvimento, justiça social e econômica, justiça racial e de gênero e justiça climática.
Atua em 77 países e está no Brasil desde 2014, estabelecendo parcerias e estratégias com a sociedade organizada para o enfrentamento de graves questões sociais. Além dessas preocupações aqui elencadas, dedica cuidado especial com a Amazônia.
O cálculo feito para saber como esse acúmulo de fortuna pelo grupo do 1 mais ricos daria para acabar com a fome, foi feito considerando que bastaria US$ 1,515 trilhão para retirar da linha de pobreza mais de 1,1 bilhão de seres humanos submetidos hoje a essa situação em todo o mundo, conforme dados da Organização das Nações Unidas. Conforme a ONU, pessoas nessas condições recebem abaixo de US$ 3 por dia em países pobres.
O relatório mostra que o 1% mais rico- composto por 77 milhões de pessoas, ante um universo global de 8,2 bilhões de habitantes da terra, nisso incluindo os multibilionários, milionários e aqueles que ganham US$ 310 mil ou mais por ano- concentra cerca de 45% da riqueza global, estimada, em 2023, em US$ 556 trilhões.
Numa leitura simples, o 1% mais rico abocanha entre US$ 250 trilhões e US$ 278 trilhões.
É chocante ficar sabendo desse quadro grotesco de injustiça, de desigualdade crescente, que só faz aumentar, a despeito de todos os esforços de organizações mundiais para tornar possível sua contenção e diminuição. Mais chocante ainda é observar que enquanto mais de 1 bilhão de pessoas passam fome, países ricos e potencialmente armados, voltam-se para um exercício permanente de manutenção de conflitos armados em diversas partes do mundo.
Estudos da própria Oxfam e da Organização das Nações Unidas demonstram que a fome provocada pelos conflitos armados está matando cerca de 21 mil pessoas por dia em todo o planeta.
Num relatório do ano passado, intitulado “Guerra dos Alimentos”, examinou-se a situação de 54 países afetados por conflitos armados e descobriu-se que eles concentram 281,6 milhões de pessoas que enfrentam a agudeza da fome hoje em dia. Os que não morrem, os que passam fome neste momento, somam-se aos mais de 117 milhões que deixam seus territórios de origem, migrando para outros países em busca de sobrevivência.
A Oxfam adverte que em um mundo devastado por conflitos (muitos deles em áreas de muita pobreza, alimentados, estimulados e financiados por grandes potências mundiais, como Estados Unidos e Rússia), a fome se tornou uma arma letal usada pelas partes envolvidas, contradizendo as leis internacionais e provocando um alarmante aumento de mortes e de sofrimento. Sobretudo de crianças e mulheres, expostas à fragilidade e ao abandono.
Enquanto os dirigentes, governanças mundiais, não resolverem baixar as armas, deixarem de ganhar dinheiro vendendo armas e estimulando conflitos, fica impossível até mesmo sonhar em mais igualdade e menos injustiças.