Congresso da UBES defende revogação do Novo Ensino Médio e convoca luta contra privatização de escolas

Plenária final do Congresso da UBES, realizado no Mineirinho, em Belo Horizonte – Foto: Reprodução
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A cidade de Belo Horizonte (MG) recebeu, entre os dias 14 e 16 de junho, o 45º Congresso Nacional da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Conubes). O ginásio Mineirinho recebeu milhares de estudantes do país, onde durante o congresso, discutiram a definição dos rumos do movimento estudantil para os próximos anos e a eleição da nova diretoria da entidade.

Temas como o passe livre estudantil, a revogação da reforma do novo ensino médio, a luta contra a privatização das escolas foram debatidos ao longo dos três dias, além de atos contra o PL 1904, solenidades pelos estudantes e povo do Rio Grande do Sul, combate ao genocídio da juventude negra e os desafios do ensino técnico.

Na eleição, do total de 4.121 votos, a chapa da nova diretoria da UBES “Unidade e luta para reconstruir a educação e o Brasil” obteve 82,69% dos votos, sendo 3408 votos. A chapa Oposição Mudar a UBES Contra o Novo Ensino Médio e as Privatizações teve 623 votos (15,11%) e a chapa Unidade Sem Medo teve 90 votos (2,18%). 

Na plenária final do encontro, o estudante Hugo Silva, de 20 anos, estudante do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), foi eleito presidente da UBES e terá, a partir de agora, a responsabilidade de representar os mais de 40 milhões de estudantes do ensino médio, fundamental e técnico brasileiro.

“Nossa maior batalha nesse momento é contra os governadores que querem destruir e privatizar a educação aos poucos no Brasil, como estratégia de política para a extrema direita. É assim com o Tarcísio em São Paulo, com o Ratinho Jr no Paraná, com o Cláudio Castro no Rio. Por isso inventam esses projetos sem fundamento nenhum como o das escolas cívico-militares, por isso a direita fica trazendo temas como banheiro unissex nas escolas, a tal Escola Sem Partido, etc”, afirma o novo presidente da UBES.

Além disso, ele defende o posicionamento firme da entidade nas ruas contra o projeto do Novo Ensino Médio, herança dos últimos governos no Brasil e tema de disputa atualmente no governo Lula e no Ministério da Educação. “Não dá pra aceitar que a escola pública perca matérias como a Sociologia e a Filosofia pra colocar no lugar outras como preparação de bolo no pote, marketing pessoal pro Tik Tok, etc. Inventaram uma mentira de que isso é ensinar empreendedorismo pra juventude, mas na verdade é só pra diminuir a qualidade da educação dos mais pobres. Porque os mais ricos podem pagar pra ter o ensino adequado das outras disciplinas e continuar entrando nas universidades e passando no Enem”, critica.

Hugo Silva, de 20 anos, estudante do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), foi eleito presidente da UBES – Foto: Reprodução/Twitter

Veja o caderno de teses do Conubes:

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REIVINDICAÇÕES

O evento ficou marcado pela entrega da carta de reivindicações da entidade aos ministros e autoridades presentes. O Conubes serviu como plataforma para os estudantes apresentarem suas demandas por um futuro com educação pública de qualidade para todos.

Na carta, a UBES cobra a revogação do Novo Ensino Médio (NEM), a implementação de um novo Plano Nacional de Educação (PNE) que atenda às necessidades dos estudantes, o fim da militarização das escolas, a garantia de merenda escolar de qualidade e o investimento na formação de professores. 

“Queremos uma educação pública que forme jovens livres e críticos. Valorizando o estudante em sua integralidade, os professores, a formação cidadã, a produção cultural e a prática de esportes. Que esteja ligada ao nosso projeto nacional de desenvolvimento, gerando pesquisa e tecnologia para superar os obstáculos ao desenvolvimento acelerado do Brasil. Que forme não só jovens , para ingressar no mercado de trabalho, como profissionais tecnicista, mas sim cidadãos críticos, aptos a pensar os problemas da nação”, diz a carta.

A entidade também defende a democratização do acesso à universidade, o combate ao racismo e à LGBTfobia nas escolas e a implementação de políticas públicas que promovam a inclusão social.

“A Nova Escola dos nossos sonhos e lutas incentiva à iniciação científica, conhecimento e produção cultural, prática de esportes e instrumentos de democratização com participação ativa dos estudantes em sua formação e valorização da carreira docente. Na Nova Escola cabe processos amplos de debates sociais, promovendo espaços para reflexão crítica, desconstrução de opressões, respeito à diversidade e construção de uma sociedade mais justa e inclusiva”, continua a carta.

O Congresso foi um momento de celebração da luta estudantil e de reafirmação do compromisso da UBES com a construção de um futuro mais justo e igualitário para o Brasil. A entrega da carta de reivindicações marcou o início da nova fase de mobilização do movimento estudantil, que se prepara para intensificar a luta por seus direitos e por uma educação pública de qualidade para todos.

Veja a carta na íntegra:

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Fonte: https://horadopovo.com.br/congresso-da-ubes-defende-revogacao-do-novo-ensino-medio-e-convoca-luta-contra-privatizacao-de-escolas/