Foto: Roosevelt Cássio
Os metalúrgicos de São José dos Campos, em São Paulo, incluindo da Embraer, que emprega 12 mil na região, aprovaram a pauta da campanha salarial 2024 em assembleia geral no último sábado (29) e iniciam a luta por 10,5% de reajuste e ampliação de direitos.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, já nesta segunda-feira (1) a pauta de reivindicações começou a ser entregue aos sindicatos patronais.
“As reivindicações foram definidas a partir de dados econômicos levantados pelo Ilaese (Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos) e com base na realidade enfrentada pelos trabalhadores, num cenário de inflação, redução do número de postos de trabalho e as consequências das reformas trabalhista e da Previdência”, explica o sindicato em nota.
O sindicato argumenta ainda que, além da expectativa de alta na projeção do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) para o período da data base da categoria, que é de setembro de 2023 a agosto de 2024, o “custo de vida real é mais assustador do que o INPC, com o valor da cesta básica na região de R$ 2.824, o que compromete o orçamento do trabalhador”.
Em relação aos metalúrgicos da Embraer, a entidade afirma que apesar de um crescimento de 41,3% no lucro bruto no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, e de a carteira de pedidos da empresa ter aumentado 2,4 bilhões de dólares, “esperava-se que os trabalhadores da Embraer fossem beneficiados com melhores salários, mas não foi isso que aconteceu”, diz o sindicato.
De acordo com o sindicato, em 2023, a empresa registrou seu maior número de trabalhadores em dez anos, mas, mesmo assim, “o percentual gasto com pessoal e encargos não mudou: continua sendo 11% da receita líquida. Na prática, isto significa que a fábrica rebaixou os salários”.
O sindicato afirma também que a questão da ampliação dos direitos em todos os setores da categoria continua sendo prioridade na Campanha Salarial. “Tão importante quanto o aumento real, os direitos representam melhores condições de trabalho, estabilidade no emprego, igualdade salarial entre homens e mulheres e tantas outras conquistas necessárias à qualidade de vida do trabalhador e trabalhadora”.
Entre as pautas de reivindicações estão: redução de jornada de trabalho sem redução de salário; revogação de artigos das reformas trabalhista e da Previdência, como a ultratividade dos acordos e convenções coletivas, que prevê validade de no máximo dois anos para os direitos conquistados pelos trabalhadores em acordos e convenções coletivas, além de cláusulas femininas como, um dia de licença para que as trabalhadoras possam fazer exames preventivos; ajuda de custo para trabalhadores que tenham filhos com deficiência; equiparação salarial entre homens e mulheres; auxílio-creche para crianças de até 6 anos de idade, e sala de lactantes, com local apropriado para armazenamento do leite materno, entre outras.
“Damos aqui início à Campanha Salarial, momento muito importante para a categoria. É quando discutimos as reivindicações sociais e econômicas, mas também discutimos a situação política do país. Este ano, vamos novamente incluir em nossa pauta a exigência da revogação das reformas trabalhista e previdenciária, que destruíram direitos históricos e tornaram mais difícil a vida da classe trabalhadora. Esse debate vai estar em todas as nossas assembleias. Vamos também nos manter na defesa da estabilidade de emprego para as vítimas de doenças e acidentes de trabalho. Todo ano, os patrões tentam acabar com essa cláusula, mas não vamos permitir”, afirmou o presidente em exercício do Sindicato, Valmir Mariano.
A partir da próxima semana, a pauta aprovada na assembleia geral será votada em assembleias nas portas das fábricas.
Fonte: https://horadopovo.com.br/metalurgicos-de-sao-jose-dos-campos-iniciam-campanha-salarial-por-105-de-reajuste/