Marcha mobiliza sobre realidade das mulheres negras em Belém

Na noite de ontem (25), Belém sediou a 9ª Marcha das Mulheres Negras. O evento, que teve como ponto de encontro o prédio da Companhia de Docas do Pará (CDP), destacou o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, além do Dia Nacional e Estadual de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, com apresentações artísticas e culturais.

“A minha voz é ativa através das minhas canções. Estar aqui hoje significa que estou sendo ouvida. Que o meu saber vem sendo repassado, não somente entre as minhas irmãs de cor, mas para todos aqueles que entendem e respeitam a minha, a nossa existência e que, de alguma forma, também buscam reivindicar a sua”, expõe Gloria Maria, artista.

No Brasil, o dia 25 de julho foi decretado em 2014, como dia de Tereza de Benguela ou o Dia da Mulher Negra, pela presidente Dilma Rousseff, para celebrar a vida e a luta de Tereza de Benguela, reconhecida como rainha ao liderar o Quilombo Quariterê, no Mato Grosso.

E, desde então, este dia é marcado pelo fortalecimento das mulheres, em uma ação coletiva de superação das desigualdades de gênero e de raça, colocando a mulher negra na centralidade do debate.

Neste ano, o tema “Rumo à Marcha Nacional por Reparação e Bem Viver” faz referência à marcha nacional realizada em novembro de 2025, em Brasília (DF). E, de acordo com a coordenadora Flávia Ribeiro, a ideia é elaborar estratégias que garantam a participação de uma delegação numerosa de paraenses no evento nacional.

“Mulher Negra” é o maior grupo demográfico do Brasil, e essa marcha é o momento em que nós saímos da margem que a sociedade impôs e ocupamos o centro do debate. Esse é o espaço que criamos para apresentar suas propostas de mundo, a sua visão, a sua reivindicação, seus gritos, sua voz, seu silêncio, para que a sociedade escute. É aqui que levantamos uma social que contempla todas as realidades”, explica.

A nona edição da marcha foi antecedida por uma campanha de 30 dias de ativismo contra o racismo, cujo objetivo foi convidar todas as instituições, coletivos, organizações e ativistas parceiras a proporem e realizarem ações relacionadas ao tema do evento.

Programação que a professora e intérprete Madalena Silva faz questão de participar. Caminhando pela segunda vez, a profissional conta que o espaço permite ultrapassar o silêncio e a inferioridade imposta à mulher.

“Hoje eu posso vir às ruas expressar a minha opinião de forma pública e narrar a minha história, as minhas vivências, pois existem marchas que me escutam, que apoiam uma educação ampla e social. Meu papel aqui, assim como todas as mulheres presentes neste espaço, é reivindicar o que é nosso por direito. É lutar contra a opressão, racismo… E apresentar ideias que funcionam para que a gente, os nossos filhos, tenham referências, heroínas”.

A marcha e a campanha de ativismo estão alinhadas ao calendário nacional de ativismo, chamado de #julhodaspretas: mês de incidência política das mulheres negras em todo o Brasil.

Fonte: https://diariodopara.dol.com.br/belem/marcha-mobiliza-sobre-realidade-das-mulheres-negras-em-belem-141955/