Oncologista chama atenção para a letalidade do câncer de pulmão

Agosto é o mês de conscientização sobre câncer de pulmão. A campanha, denominada ‘Agosto Branco’, foca no esclarecimento do que é a doença: principais sinais e sintomas, bem como sobre como prevenir. Para esclarecer sobre o tema, entrevistamos o médico oncologista Nivaldo Farias Vieira, Doutor pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP – USP), atualmente é Presidente da CLINRADI, diretor técnico da Clínica Onco-Hematos, Líder Nacional de Inovação da DASA Oncologia e consultor especialista para diversas empresas na área de Oncologia. Especialista em Clínica Médica, Hematologia-Hemoterapia e Cancerologia, Dr. Nivaldo diz que o câncer de pulmão é o tipo mais letal no mundo. O tabagismo é apontando como principal fator de risco. O médico diz que o câncer de pulmão tem caráter silencioso nos estágios iniciais e quando os primeiros sinais começam a aparecer, a doença está em estágio avançado, o que atrasa o diagnóstico e consequentemente o início do tratamento, o que impacta negativamente na taxa de sobrevivência. Confira a entrevista:

 

Correio de Sergipe – O câncer de pulmão permanece sendo o tipo de câncer mais letal no mundo e um dos mais difíceis de tratar?

Nivaldo Farias Vieira – Sim, o câncer de pulmão continua sendo o tipo de câncer mais letal no mundo, responsável por mais mortes do que os cânceres de mama, próstata e cólon juntos. A dificuldade de tratamento está relacionada ao fato de que muitos casos são diagnosticados em estágios avançados, quando o câncer já se espalhou para outras partes do corpo, tornando-o mais difícil de tratar e menos propenso à cura.

 

CS –  O senhor acredita que o caráter silencioso nos estágios iniciais é o principal fator para um diagnóstico tardio, contribuindo para a letalidade da doença?

NFV – Sim, acredito que o caráter silencioso do câncer de pulmão nos estágios iniciais é um dos principais fatores para o diagnóstico tardio. Muitos pacientes não apresentam sintomas até que a doença esteja em um estágio avançado. Isso atrasa o diagnóstico e, consequentemente, o início do tratamento, o que impacta negativamente nas taxas de sobrevivência. A pandemia do COVID revelou isso também, pois houve aumento de realização de tomografia de tórax pelos sintomas respiratórios, e houve incremento de casos precoces nas comunidades com maior acesso ao exame.

 

CS – O tabagismo continua sendo o principal fator de risco?

NFV – Sim, o tabagismo continua sendo o principal fator de risco para o câncer de pulmão. Aproximadamente 85% dos casos de câncer de pulmão estão relacionados ao uso do tabaco. Fumar cigarros, charutos ou cachimbos, bem como a exposição ao fumo passivo, aumenta significativamente o risco de desenvolver a doença.

 

CS –  Há outros possíveis causadores de câncer de pulmão?

NFV – Sim, além do tabagismo, existem outros fatores que menos frequentemente podem causar câncer de pulmão, incluindo:

  1. “Exposição ao radônio”: Um gás radioativo natural que pode se acumular em casas e edifícios.
  2. “Exposição a substâncias cancerígenas”: Como amianto, arsênico, cromo, níquel e produtos de combustão.
  3. “Poluição do ar”: A exposição prolongada à poluição do ar pode aumentar o risco.
  4. “Histórico familiar”: Ter parentes próximos com câncer de pulmão pode aumentar o risco, embora a maioria dos casos não seja diretamente hereditária.
  5. “Doenças pulmonares pré-existentes”: Algumas doenças pulmonares crônicas, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e a fibrose pulmonar, podem aumentar o risco de câncer de pulmão.
  6. “Idade”: O risco de câncer de pulmão aumenta com a idade, sendo mais comum em pessoas com mais de 65 anos.
  7. “Estilo de vida”: Fatores como dieta pobre, falta de exercício físico e consumo excessivo de álcool também podem influenciar o risco.

Reconhecer esses fatores de risco e tomar medidas preventivas pode ajudar a reduzir a incidência e melhorar o diagnóstico precoce do câncer de pulmão.

Fonte: https://ajn1.com.br/urbano/oncologista-chama-atencao-para-a-letalidade-do-cancer-de-pulmao/