O clima esquentou na Câmara Municipal do Rio nesta quinta-feira (22), um dia após o arquivamento do projeto de lei que concederia o título de cidadão honorário carioca ao educador Daniel Cara, conhecido por sua atuação em defesa da educação pública e por sua vinculação ao pensamento pedagógico de Paulo Freire.
O projeto, de autoria do ex-vereador Paulo Pinheiro (PSOL), foi barrado após parecer contrário do vereador Rafael Satiê (PL), representante da ala bolsonarista na Casa. O parecer foi emitido durante a votação do mériro da proposta no plenário da Câmara. Como nenhum dos três membros da Comissão de Educação da Casa estava participando da reunião, Rafael Satiê foi chamado para emitir o parecer.
Na sessão desta quinta-feira (22), o vereador William Siri (PSOL), que integra a Comissão de Educação, criticou duramente a condução do processo. Siri se queixou ao presidente da Câmara, Carlo Caiado (PSD), e apontou que a decisão de Satiê violou um acordo informal entre os parlamentares, segundo o qual, durante as sessões extraordinárias das quartas-feiras, os vereadores não derrubariam projetos uns dos outros.
Siri afirmou que buscará diálogo com Satiê para tentar reverter a decisão. No entanto, o vereador do PL já sinalizou resistência. Em declarações públicas, Satiê alegou que Daniel Cara não seria digno da homenagem por, segundo ele, não respeitar a fé cristã e por ter chamado o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) de “rato”.
Procurado, o gabinete de Satiê afirmou que o parecer foi dado dentro da legalidade e seguiu todos os trâmites regimentais.
O episódio evidencia a crescente polarização ideológica na Câmara carioca, especialmente em pautas que envolvem figuras ligadas à educação e aos direitos sociais, frequentemente alvo de disputas entre parlamentares da esquerda e da direita.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/apos-arquivamento-de-homenagem-por-ausencia-de-membro-da-comissao-de-educacao-siri-cobra-providencias-na-camara-do-rio/