O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não participará das celebrações do Dia do Trabalho neste 1º de maio, conforme informou o jornal O Globo. Um ano após comparecer a um evento que frustrou expectativas de público (foto), Lula optou por gravar um pronunciamento oficial que será exibido em cadeia nacional de rádio e televisão. A principal bandeira dos atos deste ano, promovidos pelas centrais sindicais, é o fim da escala 6×1 de trabalho — tema que, apesar de ser classificado pelo site do PT como “pauta histórica”, ainda enfrenta resistências e falta de sinalização concreta por parte do governo.
O apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa abolir a jornada 6×1 estará no centro das manifestações em São Paulo. Dois grandes eventos estão programados: a CUT liderará a mobilização em São Bernardo do Campo, berço político de Lula, enquanto outras centrais organizarão um ato separado na Praça Campo de Bagatelle, na zona norte da capital. A mudança de local é estratégica, após o esvaziamento do evento no estádio do Corinthians em 2024.
Segundo aliados, Lula teria manifestado vontade de comparecer ao ato da CUT, mas acabou decidindo permanecer em Brasília para não privilegiar uma central em detrimento das demais. O pronunciamento presidencial foi gravado no Palácio da Alvorada sob a coordenação de Sidônio Palmeira, ministro da Secretaria de Comunicação Social.
Pressão por mais diálogo
Apesar do esforço das centrais, parlamentares do PSOL apontam falta de respaldo efetivo do Planalto às pautas trabalhistas. “A gente precisa de mais apoio. O que está faltando é a questão do diálogo mesmo. O governo não apoia a nossa discussão como a gente gostaria. Temos a esperança de que, em algum momento, a gente tenha uma sinalização mais incisiva ao longo deste ano. Falta, principalmente, o apoio do presidente Lula”, criticou o vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), articulador do movimento Vida Além do Trabalho, que também organizará atos em nove capitais.
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) levou a demanda pela jornada 6×1 para uma reunião com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, no mês passado. Na ocasião, segundo interlocutores, Gleisi se comprometeu a estudar o tema e buscar articulação junto ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).
No âmbito do PT, a PEC conta com o apoio de 63 dos 66 deputados federais da sigla. Entretanto, outras prioridades legislativas dividem a atenção dos parlamentares. “Escolhemos ela como uma das pautas prioritárias e estamos compondo um grupo de trabalho para cuidar disso, conversar com os líderes e com o Motta. Agora, com o Orçamento votado, estamos com o fim da escala 6×1, a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil e a discussão da tarifa zero (para o transporte público), que estou coordenando pessoalmente”, explicou o secretário de Comunicação do partido, Jilmar Tatto (PT-SP).
Atos e expectativas
Em Brasília, está prevista para hoje uma plenária das centrais sindicais que elaborará uma pauta conjunta a ser entregue a Lula e aos presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta e Davi Alcolumbre (União-AP), respectivamente. O documento enumera reivindicações como a redução da jornada de trabalho, combate à carestia, isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, redução de juros e igualdade salarial entre homens e mulheres.
Para o ato unificado em São Paulo, a expectativa é reunir até 300 mil pessoas, conforme estimativa de Ricardo Patah, presidente da UGT. “A gente reunia 1 milhão antes”, lamentou Patah, lembrando que em 2024 o evento teve pouco mais de 1,6 mil presentes, segundo monitoramento do Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP.
Já o evento da CUT, mais focado na militância petista, espera cerca de 30 mil participantes, com apresentações de artistas como Belo, MC Hariel, Pixote e Tiee, das 10h às 18h. Lula será representado pelos ministros Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência), Luiz Marinho (Trabalho) e Cida Gonçalves (Mulheres).
O ato unificado também convidou figuras políticas adversárias do PT, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT). O ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), foi inicialmente convidado, mas sua participação foi descartada após a deflagração de uma operação da Polícia Federal que apura fraudes no INSS.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/apos-fiasco-do-ao-passado-lula-se-ausenta-de-ato-do-1o-de-maio-que-vai-cobrar-fim-da-escala-6×1/