Em uma ampla operação coordenada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrada nesta quarta-feira (23), foi revelado um esquema criminoso que fraudava benefícios de aposentados por meio de descontos indevidos. A informação é do portal G1, que reportou as declarações de autoridades envolvidas no caso.
Segundo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, as vítimas — em sua maioria idosos — eram “pessoas naturalmente debilitadas” e foram “vítimas fáceis de criminosos que se apropriaram das pensões e das aposentadorias”. O ministro destacou que a operação tem como foco a proteção de uma das parcelas mais vulneráveis da população.
Lewandowski afirmou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado do caso logo nas primeiras horas do dia pelo diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues. Lula, segundo o ministro, demonstrou “preocupação” e “interesse” no avanço das investigações.
Fraudes com assinaturas falsas e descontos não autorizados
O esquema operava por meio de entidades que se apresentavam como associações de apoio a aposentados, oferecendo supostos serviços como assistência jurídica e descontos em academias e planos de saúde. Entretanto, segundo a CGU, essas entidades não tinham qualquer estrutura para prestar os serviços anunciados. O que faziam, na prática, era falsificar assinaturas para associar indevidamente os aposentados e aplicar descontos mensais nos benefícios recebidos por eles do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O ministro da CGU, Vinícius Marques de Carvalho, afirmou que a maioria dos aposentados afetados sequer tinha conhecimento das associações às quais supostamente pertenciam. “O que apuramos é que a maioria dessas pessoas não havia autorizado esses descontos, que eram em sua maioria fraudados, em função de falsificação de assinaturas e de uma série de artifícios para simular uma vontade que não era real”, explicou.
A auditoria realizada pela CGU entrevistou 1.300 beneficiários e analisou o funcionamento de 29 entidades, das quais 11 são suspeitas de envolvimento direto em irregularidades. De acordo com Carvalho, os contratos do governo com essas organizações já foram suspensos.
Investigações desde 2023
A investigação da CGU começou ainda no início de 2023, na esfera administrativa. A descoberta de indícios de crime levou ao acionamento da Polícia Federal, que passou a atuar oficialmente no caso a partir deste ano. Os prejuízos, segundo estimativas preliminares, são bilionários.
A operação busca agora aprofundar a apuração das responsabilidades e identificar todos os envolvidos no esquema, incluindo eventuais servidores públicos que possam ter facilitado as fraudes. A PF trabalha com a hipótese de que o grupo criminoso operava de forma estruturada em diversos estados.
Enquanto isso, o governo federal promete reforçar os mecanismos de controle e proteção dos dados dos aposentados, a fim de evitar que novas fraudes aconteçam.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/aposentados-foram-alvos-faceis-de-golpe-bilionario-com-falsos-descontos-alerta-lewandowsk/