Com Hugo Motta (Republicanos-PB) nos Estados Unidos e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em visita oficial à China, o Congresso Nacional enfrenta mais uma semana de recesso informal, sem votações no plenário da Câmara e com pauta enxuta nas comissões. A reportagem é da Folha de São Paulo.
Motta participa de um fórum empresarial em Nova York na próxima terça-feira (14), evento que também contará com a presença de líderes dos partidos PL, PP e MDB, além do governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. Já Alcolumbre faz parte da comitiva presidencial que está na China, após passagem pela Rússia.
A justificativa para o esvaziamento é o esforço concentrado da semana anterior, que aprovou medidas polêmicas como o aumento do número de deputados de 513 para 531 e um requerimento que buscava suspender a ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin — decisão posteriormente derrubada pelo STF.
Mesmo com poucos compromissos legislativos, a agenda prevê homenagens protocolares — como sessões sobre o Dia Internacional da Enfermagem, o Dia do Medicamento Genérico e a tradicional Procissão do Fogaréu da cidade de Goiás — além de audiências públicas pontuais.
No Senado, ao menos dez parlamentares receberam autorização para viagens internacionais, muitas com custos pagos pelo erário. Três agendas distintas se concentram nos EUA nesta semana: dois fóruns empresariais em Nova York e uma missão da Frente Parlamentar pelo Livre Mercado em Washington. O fenômeno da participação frequente de congressistas em compromissos no exterior tem crescido. Em 2024, ao menos R$ 600 mil foram gastos com a ida de 30 parlamentares a um evento jurídico em Portugal.
Enquanto isso, os senadores Magno Malta (PL-ES) e Damares Alves (Republicanos-DF) anunciaram viagem à Argentina para visitar brasileiros que fugiram do Brasil após os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A dupla pretende visitar um presídio onde estariam detidos ao menos cinco deles.
Nos bastidores, a movimentação internacional de Alcolumbre ao lado de Lula — já é a terceira viagem conjunta em menos de dois meses — tem sido lida como um gesto de aproximação estratégica. O governo tenta estancar a pressão pela abertura de uma CPI ou CPI mista sobre o escândalo de fraudes no INSS, que resultou na queda do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT) e na demissão de Alessandro Stefanutto do comando do instituto.
Apesar da nomeação de Wolney Queiroz (PDT) para o Ministério da Previdência, a bancada pedetista rompeu com a base governista e estuda lançar candidatura própria para a Presidência da República em 2026.
Wolney foi convidado pelo Senado a prestar esclarecimentos sobre a fraude na Comissão de Fiscalização e Controle, com possibilidade de comparecimento na quinta-feira (15), ainda a ser confirmado.
Paralelamente, Alcolumbre articula uma alternativa ao polêmico projeto de anistia aos golpistas de 8 de janeiro. A ideia é propor uma solução intermediária, que preveja redução de penas apenas para quem não participou do planejamento ou financiamento dos atos, evitando o perdão amplo e, assim, liberando o Congresso para tratar de outras pautas.
Essa movimentação política ocorre em meio a uma crise de governabilidade enfrentada pelo Planalto, que busca apoio no Legislativo enquanto equilibra compromissos internacionais com articulações domésticas.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/com-motta-nos-eua-e-alcolumbre-na-china-congresso-tem-semana-com-recesso-branco-e-pressao-por-cpi-do-inss/