Apesar de a atual legislatura contar com a maior bancada feminina da história, a representação das mulheres no Congresso Nacional ainda é distante da igualdade. Com 107 deputadas e senadoras em um universo de 594 parlamentares, elas ocupam apenas 18% das cadeiras. O avanço, embora significativo, evidencia que ainda há um longo caminho a percorrer para que a política brasileira reflita de forma mais justa a composição da população e do eleitorado do país. O levantamento publicado neste sábado (8), Dia Internacional da Mulher, é do Poder 360.
No Brasil, as mulheres são maioria tanto na população quanto entre os eleitores. O Censo de 2022 aponta que elas representam 51,5% dos brasileiros, enquanto dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que 52,47% dos votos são femininos. No entanto, essa expressiva presença não se traduz em participação política. Entre os países do G20, o Brasil figura entre aqueles com menor proporção de mulheres em seus parlamentos nacionais, de acordo com o estudo “Criando Sinergias entre a Agenda 2030 e o G20 – Caderno Desigualdades”.
O Senado Federal apresenta uma ligeira melhoria em relação à Câmara dos Deputados, com 19,8% das cadeiras ocupadas por mulheres. O PSD é o partido que mais se destaca nesse quesito, com 40% de suas representantes na Casa Alta sendo mulheres. Por outro lado, legendas como PL e MDB têm as menores proporções, com apenas 7,1% e 9,1%, respectivamente. Na Câmara, as mulheres são 17,7% dos parlamentares, sendo o PT a sigla com maior presença feminina, com 25% das cadeiras ocupadas por deputadas. O PSD, por sua vez, é o partido mais desigual, com apenas 6% de representação feminina.
Primeira mulher no Congresso foi eleita em 1933
Ao longo da história, a presença de mulheres no Congresso Nacional foi marcada por avanços lentos. Carlota Pereira de Queirós foi a primeira mulher eleita deputada federal, em 1933. Desde então, figuras como Bertha Lutz, Ivete Vargas e Erika Hilton contribuíram para ampliar a participação feminina no Parlamento. Em 2022, Hilton e Duda Salabert se tornaram as primeiras mulheres transexuais a conquistarem uma vaga na Câmara dos Deputados.
Embora a representação feminina ainda seja reduzida, as mulheres têm atuado de forma expressiva para aprovar leis que garantam direitos e combatam desigualdades. A Lei nº 14.611, sancionada em julho de 2023, que estabelece igualdade salarial entre homens e mulheres, é um exemplo de legislação impulsionada pela bancada feminina. A Secretaria da Mulher da Câmara e a Procuradoria da Mulher do Senado também desempenham papéis essenciais na defesa de pautas de gênero.
Cotas procuram aumentar representatividade feminina
Apesar dos avanços, ainda resta um longo percurso para que o Congresso Nacional alcance uma representação mais equitativa. O histórico de baixa participação feminina reflete desafios estruturais, como a resistência de partidos políticos em dar espaço para candidaturas femininas competitivas e a necessidade de maior financiamento para campanhas de mulheres. A aprovação de cotas e incentivos para a participação feminina tem sido um caminho explorado para mudar esse cenário.
A conquista de Daniella Ribeiro (PSD-PB) como a primeira mulher a assumir a Primeira-Secretaria do Senado em 2025 simboliza um progresso, mas também reforça o quanto as mulheres ainda precisam lutar para ocupar espaços de liderança na política nacional. O desafio, portanto, segue sendo transformar avanços pontuais em uma representatividade proporcional e efetiva para as mulheres no Congresso.
Com informações do Poder 360
Fonte: https://agendadopoder.com.br/dia-internacional-da-mulher-bancada-feminina-no-congresso-e-a-maior-da-historia-mas-desigualdade-persiste/