Em meio à escalada de tensões entre membros da família Bolsonaro e autoridades do Judiciário brasileiro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta segunda-feira (26) que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, passou a integrar um “rol de possíveis sancionados” pelo governo dos Estados Unidos.
A declaração foi feita após a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito para investigar o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente vive nos EUA.
A investigação se refere à atuação de Eduardo nos Estados Unidos com o intuito de influenciar autoridades estrangeiras contra membros do Judiciário brasileiro. O caso será analisado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator de processos ligados a ataques ao sistema eleitoral e à Corte.
Pelas redes sociais, Flávio Bolsonaro classificou o pedido da PGR como parte de uma “perseguição” e disse que Gonet estaria seguindo os passos de Moraes, o que, segundo ele, pode levar ambos a sofrerem sanções internacionais. “Gonet repete o veneno usado por Alexandre de Moraes – que pode levá-lo a ser sancionado pelo governo americano – para aumentar a perseguição a Eduardo Bolsonaro”, escreveu o senador. “Com a iniciativa mesquinha de instaurar um inquérito fake contra Eduardo Bolsonaro, Gonet faz mais uma ‘cagada’ e ratifica às autoridades americanas o estado de exceção vigente no Brasil.”
Em declaração ao Globo, Eduardo Bolsonaro afirmou que permanecerá fora do Brasil enquanto Alexandre de Moraes não for alvo de sanções por parte dos Estados Unidos. O deputado argumenta que o pedido de investigação pode acelerar esse processo. “Eu quero retornar, mas não posso levar uma pena de 12 anos na cabeça. Eu não posso ficar na coleira do Moraes. Ele é que tem que ficar encoleirado no quadrado dele”, afirmou.
A iniciativa da PGR menciona postagens de Eduardo nas redes sociais e entrevistas concedidas por ele a veículos de imprensa, nas quais ele ataca autoridades do Judiciário brasileiro. Segundo o pedido, há “um manifesto tom intimidatório” com potencial para constranger agentes públicos e magistrados. Gonet apontou que as ações do parlamentar teriam o objetivo de embaraçar o julgamento técnico e de intimidar investigadores e membros da Suprema Corte.
Além disso, a PGR destaca uma suposta “motivação retaliatória” por parte de Eduardo, com ameaças que envolveriam até familiares de autoridades. “A ameaça consiste na perspectiva de inflição de medidas punitivas pelo governo norte-americano, que o sr. Eduardo, apresentando-se como junto a ele particularmente influente, diz haver conseguido motivar, concatenar, desenvolver e aprovar em diversas instâncias”, afirma Gonet.
Diante da repercussão, o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), anunciou que o partido vai acionar o Conselho de Ética da Casa contra Eduardo Bolsonaro. O pedido incluirá não apenas a cassação do mandato, mas também a solicitação de prisão preventiva. “É o momento de defender o nosso país de uma agressão. Isso não é contra o PT, é contra o Supremo Tribunal Federal. Ele está conspirando contra uma instituição nacional”, disse Lindbergh. Para o petista, o deputado tenta coagir ministros do Supremo ao espalhar desinformação e pressionar por retaliações internacionais.
Na semana passada, a possibilidade de sanções contra Alexandre de Moraes foi discutida durante audiência do senador Marco Rubio, chefe do Departamento de Estado dos EUA, no Congresso americano. O deputado republicano Cory Mills levantou a hipótese de “perseguição política” no Brasil. Em resposta, Rubio afirmou que há uma “grande possibilidade” de o governo americano adotar medidas contra Moraes.
Na ocasião, Eduardo Bolsonaro afirmou que a possível sanção ao ministro do STF é uma “questão particular” entre ele e as autoridades brasileiras e aconselhou o governo americano a não se envolver. O deputado também sugeriu que, se sancionado, Moraes poderia ter vistos bloqueados e não conseguir usar cartões de crédito vinculados a instituições norte-americanas.
O caso evidencia o agravamento da tensão entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro e instituições do Estado brasileiro, com consequências que agora extrapolam as fronteiras nacionais e tocam diretamente em relações diplomáticas com os Estados Unidos.
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