O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), confirmou neste sábado (8) que avalia deixar o cargo antes do prazo oficial de desincompatibilização, previsto para abril de 2026, com o objetivo de retomar seu mandato como deputado federal e preparar-se para disputar uma vaga no Senado. A informação foi antecipada pela Folha de S.Paulo, que também revelou o incômodo do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) com a gestão do secretário e as articulações para substituí-lo até o fim deste ano.
Em vídeo publicado nas redes sociais após a veiculação da reportagem, Derrite reagiu às críticas e à possibilidade de saída. “Realmente existe essa possibilidade, mas a minha intenção é, de fato, antecipar a saída — na verdade, um retorno ao Congresso Nacional, do qual faço parte”, declarou. O secretário também destacou sua votação expressiva nas últimas eleições e apontou como trunfo a aprovação da lei que extinguiu as saídas temporárias de presos.
Derrite rebateu a matéria da Folha, que o apontava como alvo de insatisfação dentro do governo, acusando o jornal de se apoiar em fontes anônimas para “criar polêmicas sem fundamentos”. Apesar disso, confirmou a intenção de deixar a gestão antes do fim de 2025, mesmo sem uma data definida. Ele também defendeu sua atuação, afirmando que a segurança pública de São Paulo alcançou “os menores índices de homicídios e roubos da história” e ressaltou o combate ao crime organizado: “Se há alguém descontente em São Paulo, pode ter certeza de que é o crime organizado. Estamos aplicando tolerância zero ao crime no estado.”
Nos bastidores, o governador Tarcísio avalia nomes para a substituição, com destaque para Marcello Streifinger, atual secretário da Administração Penitenciária. Considerado um perfil técnico e sem ambições eleitorais, Streifinger teria a missão de reduzir o desgaste político e reorientar a pasta com foco na continuidade administrativa.
O possível afastamento antecipado gerou reações no meio político. Em mensagem no Instagram, o próprio Tarcísio saiu em defesa de Derrite: “Fique firme, Guilherme Derrite! Seu profissionalismo e liderança têm garantido os melhores indicadores da história em nosso estado. Minha melhor continência.” Parlamentares aliados, como Capitão Telhada (PP), Rafael Saraiva (União Brasil) e Rosana Valle (PL), também manifestaram apoio ao secretário e criticaram o que consideram ataques injustos de setores da imprensa.
No entanto, há vozes dissonantes dentro da base bolsonarista. O deputado federal Delegado Palumbo (MDB-SP) apontou falhas na gestão de Derrite e insatisfação crescente nas corporações. “O fato de o governo ter prometido aumento salarial e se comprometer a colocar a Polícia Civil e a Polícia Militar entre as mais bem pagas do país também gerou descontentamento, especialmente entre os praças da PM”, afirmou. Segundo ele, promessas de campanha ainda não foram cumpridas e há tentativas de esvaziar institucionalmente a Polícia Civil.
Com a eleição de 2026 no horizonte, o afastamento de Derrite deve marcar mais uma etapa de reorganização do governo Tarcísio, em um momento em que o secretário enfrenta pressões internas, cobrança por resultados e disputas políticas que transcendem a gestão da segurança pública.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/linha-dura-em-xeque-derrite-admite-possibilidade-de-deixar-governo-tarcisio-antes-do-previsto/